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Margarida Calado


Nome completo: Maria Margarida Teixeira Barradas Calado

Local e ano de nascimento: Lisboa, 05/12/1947 Formação académica: Doutoramento em História de Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

Cargo actual ou último cargo desempenhado: Professora associada da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa até à jubilação em 05/12/2017

Como foi o seu percurso profissional? Por onde começou e por onde passou?

Licenciei-me em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo frequentado o Seminário de História da Arte com o Professor Pais da Silva que já em 1969/70 nos sensibilizava para as questões do património. Coube-me na altura fazer um trabalho de grupo sobre a Igreja e a protecção do património. Comecei a dar aulas no então ensino liceal a partir de 1970/71. Entretanto completei o Curso de Ciências Pedagógicas. Em Julho de 1973 defendi a tese de licenciatura em História da Arte, após o que fui convidada pelo professor Artur Nobre de Gusmão para dar aulas de História da Arte na então Escola Superior de Belas Artes. A morte do professor Pais da Silva em 1977 deixou-me um pouco perdida na realização do doutoramento acabando, a conselho do Professor Gusmão, por o realizar sob orientação do Professor José-Augusto França na Universidade Nova de Lisboa, já que na altura não o podia fazer em Belas Artes. Nunca abandonei a Escola de Belas Artes, optando pelo Departamento de Artes Plásticas e Design quando a arquitectura se separou. Integrei o corpo docente da Faculdade de Belas Artes onde fiquei até à minha jubilação. Além de História da Arte, leccionei Estudos de Arte, Introdução à Estética, Teorias da Arte, em licenciaturas, mestrados e curso de doutoramento, sendo coordenadora (depois directora) do Mestrado em Educação Artística e do Mestrado em Ensino das Artes Visuais no 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário.

Onde está hoje e o que faz?

Actualmente continuo a orientar teses de doutoramento e dissertações de mestrado nas áreas de Educação Artística e de Ciências da Arte.

Simultaneamente lecciono cursos livres de História da Arte na Sociedade Nacional de Belas Artes e participo na orientação de visitas de estudo especialmente dirigidas ao património nacional, basicamente para alunos e ex-alunos dos cursos da Sociedade e outros interessados que se vão associando.

Até ao presente e do ponto de vista profissional, qual elegeria como o projecto mais relevante que levou a cabo, para o sector do património?

Posso dizer que não fiz nada de particularmente especial no sector do património a não ser a constante insistência na importância do conhecimento do nosso património nas aulas de História da Arte e em todas as ligadas ao Ensino e Educação Artística. É surpreendente o que os alunos, mesmo a nível de mestrados, desconhecem.

Por outro lado, e apesar de modestas, as visitas efectuadas quer a monumentos, museus ou exposições, que tenho acompanhado de norte a sul do nosso país são uma forma de despertar as pessoas para um património desconhecido e que nos revela sempre surpresas.

Também tenho escrito livros que se podem considerar contributos para a valorização e conhecimento do nosso património, como Azeitão para a desaparecida colecção «Cidades e Vilas de Portugal» da Editorial Presença (com duas edições esgotadas); Artes Plásticas no Montijo. Passado e Presente (em colaboração com José Pedro Regatão), editado pela Colibri e Câmara Municipal do Montijo, assim como a monografia editada pela Faculdade de Belas Artes, sobre o Convento de S. Francisco da Cidade, o meu local de trabalho.

E qual ‘aquele projecto’ que ficou por fazer ou completar?

Tenho um projecto que ainda espero poder concretizar dado que só me aposentei há alguns meses, de escrever um livro de bolso sobre a nossa História da Arte, o que não é feito desde o início dos anos 70.

E quero continuar a ajudar a descobrir o nosso património através de visitas e viagens de estudo.

Qual a experiência humana que mais o marcou ao longo da sua vida profissional (colega, chefe, grupo de trabalho)?

Há um nome incontornável que me chamou a atenção para o património e foi o já citado professor Pais da Silva.

Como colega também terei de valorizar todo o trabalho desenvolvido pelo professor Lagoa Henriques.

Em retrospectiva, e numa escala de 0 a 10, como classificaria o seu percurso profissional?

Esta é uma resposta ingrata, mas diria que na área do ensino 8, na área específica da defesa do património, 5.

Se voltasse atrás, fazia algo diferente?

Há sempre situações em que se poderia fazer melhor, mas não diferente.

Que conselho daria a quem está hoje a iniciar a sua carreira profissional nesta área?

É uma área que por um lado é teoricamente defendida, mas na prática é preciso coragem para a desenvolver. O empreendedorismo e a criatividade a nível local serão uma boa sugestão. Há exemplos que considero de seguir como o da Rota do Românico, ou a Rota do Fresco, que se deveria estender a outras áreas do país. Por outro lado é preciso motivar as autarquias locais e a Igreja para a necessidade de ter os edifícios abertos e com horário acessível, não encerrar aos fins de semana, criar informação escrita e pensar serviços educativos não só para escolas mas para todas as idades, o que nem sempre acontece. Temos de acabar com aquela situação de chegar a uma igreja hermeticamente fechada e depois descobrir que há uma senhora que tem a chave, mas não há um telefone, um horário, qualquer indicação. E de facto poder-se-iam aproveitar jovens de férias ou reformados/as ainda com capacidades para manter os edifícios abertos. É por isso que as empresas ligadas ao património são tão importantes.

O que deseja para o sector do património em Portugal, no presente e no futuro mais próximo?

Monumentos e património arqueológico bem conservados, abertos ao público, facilidades de acesso e orientação das vagas de turistas para locais menos conhecidos.

Um dos aspectos mais importantes será a sensibilização e educação da juventude, mesmo universitária, para a importância do património. O que se passa no centro histórico de Coimbra, os tags, o ar de abandono de alguns monumentos deve ser de evitar.

As sugestões de Margarida Calado:

Citação: "A primeira linha de defesa activa do património histórico-artístico situa-se nos bancos das escolas de todos os níveis, do escalão pré-primário até ao superior. Impõe-se portanto, a integração graduada de matéria da especialidade nesses diferentes níveis como elemento da formação cultural e cívica do cidadão." (Pais da Silva, Pretérito Presente. S.l. S.d.[1978], p. 38

Livro: José Saramago, Memorial do Convento

Umberto Eco, O Nome da Tosa Música: Barcelona, por Freddie Mercury e Montserrat Caballé

Projecto: Educação, Arte e Património, projecto levado a cabo em monumentos nacionais – Tomar, Panteão Nacional, Mafra e Batalha – com crianças dos 4 aos 12 anos, tendo o último culminado numa dissertação de Mestrado em Educação Artística de Olga Sotto


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