Nome completo: Ana Raquel dos Santos Machado
Local e ano de nascimento: Arruda dos Vinhos, 1990
Principais interesses: História da Arte, Educação Patrimonial, Gestão Cultural, Comunicação e Marketing
Formação académica: Licenciatura em História da Arte (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa); Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Pós-graduação em Gestão Cultural (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa)
Cargo actual ou último cargo desempenhado: Historiadora de Arte no Município de Arruda dos Vinhos
Como foi o seu percurso profissional? Por onde começou e por onde passou?
Iniciei o meu percurso profissional como Coordenadora Pedagógica no Centro de Estudos O Falcão, em Arruda dos Vinhos, de 2011 a 2016. Esteve a meu cargo a monitorização da actividade pedagógica e administrativa do Centro de Estudos, nomeadamente a produção de conteúdos pedagógicos, a formação de novos explicadores, marketing e comunicação nas redes sociais, tendo ainda sido Explicadora das áreas de Ciências Socioeconómicas e Humanidades do 1.º ciclo do ensino básico ao secundário.
Desde a frequência no mestrado tenho vindo a desenvolver o Projecto de Investigação I – Identificar, Inventariar, Intervir – património pictórico religioso em Arruda dos Vinhos, versando sobre o inventário deste património no território citado, onde se destacam as pinturas da Igreja Matriz e da Capela da Santa Casa da Misericórdia. A apresentação do projecto culminou numa intervenção sobre o acervo artístico da Misericórdia de Arruda dos Vinhos, em Outubro passado, no II Colóquio Internacional de Arquitectura Assistencial: «Hospitais e outros edifícios da saúde - da Modernidade ao Moderno», na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Entre Fevereiro e Junho de 2014 realizei um estágio extra-curricular no Museu Nacional do Azulejo, onde exerci funções nas áreas de inventário, identificação e montagem de painéis de azulejo.
Fui Responsável de Relações Públicas do Festival de Cinema Curt’Arruda de 2014 a 2017, onde entre outras funções elaborei e implementei o Plano de Qualidade, assim como a coordenação de convidados e elaboração do plano de actividades culturais, turísticas e de lazer, culminado com visitas guiadas ao património histórico-artístico da vila de Arruda dos Vinhos.
Integrei a Comissão Científica das Comemorações dos 500 anos do Foral de D. Manuel à vila de Arruda dos Vinhos (1517 - 2017) – organização da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Desempenhei funções nas áreas de produção de conteúdos histórico-artísticos, com edição publicada sobre a Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos, participação em conferências e elaboração de ciclo de visitas guiadas temáticas. Fui curadora da exposição "Nossa Senhora da Salvação, O Povo e a Fé Esculpida", tendo ainda sido convidada enquanto investigadora a intervir no documentário “Arruda 1817 – Uma vila oitocentista”.
Desde Março de 2018 sou editora adjunta da Herança – Revista de História, Património e Cultura da Ponteditora. Publiquei ainda vários artigos no jornal local O Chafariz da Arruda sob a temática do património arrudense.
Tenho vindo a participar como oradora em diversas conferências sobre os temas da arte em contexto religioso, produção de conteúdos de rotas/circuitos turísticos e da mediação cultural, destacando-se o papel do inventário na História da Arte e o desenvolvimento e aplicação de jogos pedagógicos sobre o património azulejar.
Onde está hoje e o que faz?
Actualmente colaboro como Historiadora de Arte no Município de Arruda dos Vinhos, actuando nas áreas do património histórico-cultural e turismo.
Sou professora de História da Arte na Universidade das Gerações, em Arruda dos Vinhos, desde 2017.
Qual elegeria como o projecto mais relevante que levou a cabo, até ao momento, para o sector do Património?
Profissional e pessoalmente, o projecto mais relevante que levei a cabo até ao momento terá sido o inventário do património religioso da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos, que culminou na publicação lançada em 2017 “O Património Artístico da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos”, com edição do Município de Arruda dos Vinhos, no âmbito das comemorações dos 500 anos do Foral de D. Manuel I à vila de Arruda.
Para além de um projecto de património e de inventário, foi também a identificação com o território e com as pessoas de Arruda dos Vinhos (aqueles que já conheciam a igreja mas desconheciam alguns factos histórico-artísticos e até os visitantes que passaram a poder fazer uma visita consultando o livro) que revestiram este projecto de uma elevada importância para a comunidade local e para o próprio imóvel, classificado como de Interesse Público desde 27 de Março de 1944, e que carecia de um estudo do seu espólio artístico.
E qual ‘aquele projecto’ que ficou por fazer ou completar?
Vários… Em primeiro lugar, apontaria o desenvolvimento de um projecto direccionado para públicos com necessidades educativas especiais nas mais diversas faixas etárias, um projecto de educação patrimonial integrado e articulado com os centros escolares e instituições, com uma forte aposta na língua gestual portuguesa, no braille e na adequação de espaços arquitectónicos aos públicos com necessidades de locomoção específicas. Um projecto de mediação cultural, mas sobretudo patrimonial, com introdução de jogos lúdico-pedagógicos e outras abordagens pedagógicas, desde o pré-escolar até ao ensino ao longo da vida.
Qual a experiência humana que mais a marcou ao longo da sua vida profissional (colega, chefe, grupo de trabalho…)?
O estágio que levei a cabo no Museu Nacional do Azulejo permitiu-me não só entrar no mercado de trabalho do sector do património, aprofundar conhecimentos e conhecer uma realidade distinta da teoria académica, mas fundamentalmente aprender o que é trabalhar em equipa nesta área e numa instituição como um museu nacional. Integrei um grupo de trabalho onde todos os colegas: voluntários, estagiários e funcionários do Museu eram de uma entrega total, acreditando no projecto nas suas mais distintas dimensões. O espírito de equipa e a capacidade de entreajuda eram visíveis por todos aqueles que visitavam o museu, fazendo da visita uma experiência diferenciadora. O museu estava implícito nas suas identidades e na forma como recebiam, acolhiam e mediavam as obras de arte com os diferentes públicos.
Se tivesse possibilidade de voltar atrás, faria algo de forma diferente?
Academicamente não teria feito de forma diferente, estando ainda por concretizar o Doutoramento e outras formações na área do património, educação e marketing territorial.
Profissionalmente acredito que todas as experiências foram importantes, mesmo as que possam ter sido menos positivas, pois ao ter passado por áreas mais abrangentes estas revelaram-se mais-valias no trabalho que tenho vindo a desenvolver.
Que conselho daria a quem está hoje a iniciar a sua carreira profissional na área do património cultural?
Motivação, persistência e resiliência. Uma tríade que considero ser o primeiro passo para iniciar uma carreira profissional, sobretudo nesta área.
Creio que a motivação é um factor essencial, a definição dos próprios objectivos – onde estamos e onde queremos estar – como um elemento de diferenciação de cada profissional. Persistência e resiliência para concretizar os objectivos a que nos propusemos, mas sobretudo para ultrapassar as dificuldades, fazendo dos eventuais obstáculos, pontos de partida para chegar mais longe.
O que deseja para o sector do património em Portugal?
Começaria pela base estrutural de todo o sector: os recursos humanos. O reforço dos quadros técnicos e da respectiva formação é de extrema importância, existe a necessidade de se apostar numa gestão eficiente dos recursos humanos e no potenciamento dos seus conteúdos funcionais nas orgânicas.
Gostaria de ver uma aposta na comunicação e marketing do património e do turismo cultural, não só para quem nos visita, mas sobretudo para quem habita no território. Quantas pessoas conhecem efectivamente o património do local onde reside? A comunicação e o marketing deverão estar ao serviço da efectiva promoção do território e dos seus factores de diferenciação locais, regionais e nacionais, para que não seja apenas um destino, mas o destino.
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