Nome completo: Tiago Samuel Franco Rodrigues
Idade: 22
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Quais os teus principais interesses? História, arte, pintura, escultura, arquitectura, artes decorativas (mobiliário, joalharia, ourivesaria), moda, literatura, cinema, música.
Formação académica (curso, ano, universidade): Licenciatura em História da Arte, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2012-2015). Actualmente a frequentar o primeiro ano do mestrado em Arte, Património e Teoria do restauro na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Porque escolheste este curso? Vocação ou mercado?
A escolha deste curso recaiu sobre o meu gosto pessoal. Já que tive a oportunidade de prosseguir os meus estudos tive a oportunidade de o fazer numa área pela qual tenho o máximo interesse. Depois, acredito que ao fazermos aquilo que realmente gostamos conseguimos atingir objectivos fiáveis.
Preocupa-te mais a ideia de conseguir um emprego estável ou uma boa experiência profissional, mesmo que temporária?
Uma boa experiência profissional! Foi isso que atingi ao estagiar no Palácio Nacional da Ajuda e é isso que agora estou a absorver na Casa-Museu Medeiros e Almeida.
Gostavas de ter um ‘emprego para a vida’?
Estamos nos primórdios do século XXI, um emprego estável para a vida toda é um cliché do século passado que não me passa pela cabeça. Agora, se me perguntassem se gostava de fazer carreira numa determinada área, a essa questão a minha resposta seria um “sim” para a vida.
Interessa-te também o passado ou pensas mais no futuro?
Enquanto historiador de arte interesso-me pelo passado, sem dúvida. Mas, enquanto jovem de 22 anos, preocupo-me com o futuro num país onde a cultura e o património são ainda tão abstraídos da sociedade.
O que representa para ti o património cultural? Qual a primeira ideia que te vem à cabeça?
Para mim o património cultural é o nosso espólio cultural que deve ser divulgado e, acima de tudo, defendido, preservado e estudado. Dentro dele estão inseridos bens materiais móveis como um quadro da Josefa de Óbidos (1630-1684) e imóveis como a Torre de Belém - que celebra este ano os seus 500 anos -, bem como bens imateriais como o Fado ou o folclore.
Qual foi a tua última experiência cultural? Foi patrimonial (museu, monumento, exposição…) ou simplesmente lúdica… (Sudoeste, Optimus alive, Rock in Rio…)?
As minhas últimas experiências culturais foram patrimoniais e dizem respeito a: “Thé, café Chocolat?” uma exposição no Musée Cognacq-jay em Paris; “Ricordo di Venezia” no Palácio Nacional da Ajuda; “De Roma para Lisboa: Um álbum para o Rei Magnânimo” no Museu de São Roque; a exposição “Josefa de Óbidos e o Barroco português” no Museu Nacional de Arte Antiga e o novo Museu Nacional dos Coches. Para além disso, a experiência de trabalhar na Casa-Museu Medeiros e Almeida, o nº 41 da Rua Rosa Araújo em Lisboa.
O que é para ti visitar um monumento, um museu, uma cidade histórica?
Para mim, é contactar com as reminiscências do passado para além de ser uma fonte de trabalho, leia-se de investigação. É estudar a obra de arte com o intuito de descobrir mais sobre ela e claro sobre a época em que esta foi criada. Na casa museu Medeiros e Almeida, por exemplo, estudar o mobiliário é reconhecer estilos artísticos, matérias, artistas, técnicas e épocas e assimilar com o maior número de informação que nos permitam descobrir a vida daquele objecto até à sua aquisição pelo senhor António de Medeiros e Almeida (1895-1986) no século XX e a sua incorporação no museu. Visitar um museu não é apenas contemplar bonitos e, por vezes, engraçados objectos. Para mim, é contactar com as memórias de uma época que se regia pelos seus próprios gostos então contemporâneos de personagens tão ilustres como Luís XIV (1634-1725) ou Maria Antonieta (1755-1793) e por isso a história da arte enquanto disciplina que estuda, interpreta e divulga o património e que está em constante contacto com os monumentos (para sua salvaguarda e divulgação), museus e restantes locais históricos é fundamental na vida do cidadão do século XXI.
Qual é o teu tipo de consumo cultural?
O meu consumo de cultura diversifica entre cinema (devo reconhecer que opto muito mais por alugar um filme em casa – é deveras mais cómodo e desobriga a ouvir sons como o do vizinho a comer pipocas), concertos, exposições, conferências, ciclos de conversas, lançamentos de livros. Por outro, lado sou um ávido consumidor de revistas como Dossier D'art, L'Object D'art, a Visão, a Sábado e a National Geographic, entre tantas outras revistas e jornais (diários e semanais) que se encontram entre as minhas leituras. Livros como os policiais de Agatha Christie (1890-1976), os romances de F. Scott Fitzgerald (1896-1940), os sucessos de Evelyn Waugh ( 1903-1966), bem como as obras do nosso Eça de Queiroz (1845-1900) e de Camilo Castelo Branco (1825-1890) estão entre as minhas companhias nos transportes públicos.
Artesanato, artes tradicionais, saberes, costumes…diz-te alguma coisa?
Sim, mas, dentro da história e da história da arte, estas são gavetas que se encontram por desenvolver. Os costumes são, desde logo, o que mais me fascina.
O Património é uma área que te interesse para uma futura carreira profissional? Já pensaste nisso, em que campo?
Os meus estudos já estão inscritos na área cultural. Posto isto, é axiomático que o património é, sem dúvida, uma área que me estimula interesse. Enquanto historiador de arte, a defesa, a salvaguarda e divulgação do património é um dos papéis que tenho de desempenhar e, mesmo que não venha a fazer carreira profissional noutra área, o estimulo pelo património estará sempre em mim pois foi uma realidade que se desenvolveu em mim nos rápidos e concisos três anos de licenciatura e que pretendo apurar nos meus próximos anos de estudo.
Faz sentido para ti, uma segunda licenciatura, especialização ou formação específica nesta área (restauro, gestão cultural, etc.)?
Sim, principalmente na área da gestão cultural.
Sabes o que faz um conservador-restaurador, um arqueólogo, um historiador da arte? Já visitaste uma escavação, uma obra de restauro ou acompanhaste um projecto cultural? Tens curiosidade?
Um conservador-restaurador, um arqueólogo e um historiador de arte têm todos a função de salvaguardar, defender, estudar e divulgar as memórias da nossa história. São eles que estudam as gerações anteriores através dessas memórias com o intuito de as divulgar as gerações actuais mas sempre com o intuito de que elas cheguem às gerações vindouras para que estes possam emocionar-se com tais reminiscências. Cabe ao historiador de arte conectar o passado com o presente para projectar o objecto artístico no futuro. E, assim, este é muito mais do que um sujeito que guarda sobre a sua tutela uma colecção museológica ou que conhece todos os grandes nomes da pintura renascentista, pois a arte como um bem que deve ser fluído por todos, apresenta aos historiadores de arte (grandes e diminutos – eu ainda sou um diminuto) a questão da salvaguarda patrimonial.
Tens 1 hora livre, 10 euros e estás num bonita cidade mediterrânica: um passeio, um gelado ou um monumento?
Um passeio enquanto comia um gelado e contemplava os monumentos que iria visitar na próxima vez que lá voltasse.
As sugestões de Tiago Rodrigues:
- Websites:
- Livros:
F. Scott Fitzgerald, "Belos e Malditos" Evelyn Waugh, "Bridishead Revisited"
- Cinema:
The Monuments Men (2014)
Woman in Gold (2015)
The Age of Adaline (2015)
Irrational Man (2015)
- Museus:
Casa-Museu Medeiros e Almeida – Rua Rosa Araújo nº 41
- Exposições: "De Roma para Lisboa: Um álbum para o rei Magnânimo" no Museu de São Roque até 25 de Outubro de 2015 "Ricordo di Venezia - Vidros de Murano da Casa Real Portuguesa" até dia 21 de Novembro no Palácio Nacional da Ajuda