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Flávio Rodrigues da Fonseca Silva


Nome completo: Flávio Rodrigues da Fonseca Silva

Idade: 23

Quais os teus principais interesses? Cidade do Porto, urbanismo, cidades históricas, turismo e, claro, património.

Formação académica (curso, ano, universidade): Mestrado em Turismo, 5º ano, ISCET (Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo), Porto.

Porque escolheste este curso? Vocação ou mercado?

No início, puramente, por mercado. Quando acabei o 12º ano não sabia que curso havia de seguir e lembro-me que, quando vi a taxa de empregabilidade na área de turismo (na altura na ordem dos 90%!), decidi, então, ingressar no respetivo curso.

E como é que o turismo está relacionado com a área do património? De forma muito simples, existe uma grande simbiose entre o turismo/património, muita da atividade turística é baseada nos recursos patrimoniais de um determinado lugar. Podemos observar essa relação dando o exemplo do Porto, que tem o seu centro histórico classificado como património mundial da UNESCO. Esta classificação da UNESCO funciona como um “selo” de qualidade para o destino turístico, que influencia, com peso, a decisão do turista (cultural). Mais, fora da classificação da UNESCO e para além dos edificados de grande escala (monumentos) como a Sé, os Clérigos, o Centro Português de Fotografia (antiga Cadeia da Relação), os locais/edifícios mais visitados na cidade do Porto são classificados como património como o café Majestic, a livraria Lello, a mercearia Pérola do Bolhão, o Mercado do Bolhão, entre outros.

Devo referir que a minha experiência, que transmitirei ao leitor, sobre património, deve-se ao facto de pertencer a um projeto de investigação denominado C.H.I.P. (Culture Heritage and Identity in Porto) que tem como missão estudar o edificado existente que está classificado como património no P.D.M (Plano Director Municipal) do Porto. O primeiro trabalho publicado foi a monografia da freguesia do Bonfim com o nome “Bonfim - Território de Memórias e Destinos” do qual sou co-autor do 3º capítulo do livro, que é composto pelo levantamento e estudo do património edificado classificado. São 131 edifícios e penso que não há livro sobre o Porto com um número tão vasto de edifícios estudado.

Preocupa-te mais a ideia de conseguir um emprego estável ou uma boa experiência profissional, mesmo que temporária?

É uma pergunta de difícil resposta. Posso estar num emprego estável e a ser pouco valorizado pelo meu patrão ou posso estar a ter uma boa experiência profissional, a aprender imensas coisas novas, com pessoas experientes mas que não propiciam um bom ambiente de trabalho.

Mas voltando à pergunta, o bom é ter um emprego estável com boas experiências profissionais, isso já é outra conversa. Penso que o mais importante é a humildade e a vontade de aprender.

Gostavas de ter um ‘emprego para a vida’?

Claro. Quem, nestes tempos de incerteza, não gostaria de ter um “emprego para a vida”? Nesta fase, para mim, a questão económica não é a mais importante. Sou novo, ainda tenho imenso para aprender, e valorizo estar num sítio com um bom ambiente de trabalho onde poderei aprender e melhorar.

Interessa-te também o passado ou pensas mais no futuro?

É uma pergunta engraçada. Estando no 2º ano de mestrado, estou a escrever a minha dissertação sobre a conexão entre turismo urbano e a rua de Cedofeita. Como o turismo urbano se apoia no património edificado da rua, interessa-me naturalmente o passado (quem viveu naqueles edifícios, que tipo de arquitetura a rua apresenta, que uso é dado aos imóveis ou poderá ser dado aos imóveis, …). Sobre o futuro, sonho. Como as coisas estão, não vale a pena pensar no futuro, é demasiado negro, mais vale sonhar, e o ser humano sempre foi sonhador.

O que representa para ti o património cultural? Qual a primeira ideia que te vem à cabeça?

A expressão “património cultural” é composta por duas palavras que, por sinal, são difíceis de definir ou com várias definições. Não querendo entrar em definições científicas, para mim tudo é cultura: o site património.pt que oferece variada informação sobre o tema em questão, é cultura; a informação presente neste inquérito é cultura; os livros e os filmes produzidos ao longo dos tempos são cultura; até a chamada “música pimba” é cultura. Depende de quem a classifica e da sedimentação do tempo, sendo um fator importante na mudança das perspetivas. Continuando a reflexão, desta vez sobre património, na minha perspetiva, existe uma grande vertente afetiva. Por isso, quando protegemos, é porque nos diz algo. Assim, a primeira coisa que me vem à cabeça são cidades históricas, muito devido ao meu interesse entre turismo/património (cultura) e o edificado existente que marca o território e as pessoas (património).

Qual foi a tua última experiência cultural? Foi patrimonial (museu, monumento, exposição…) ou simplesmente lúdica… (Sudoeste, Optimus alive, Rock in Rio…)?

Que me lembre, a última grande experiência cultural foi a viagem a Sintra que fiz neste último Verão. Gostei imenso. Tenho pena, e fica a ideia, é de não ter visto mais desenvolvida, a nível turístico/cultural, a questão das obras literárias que foram escritas/pensadas em Sintra, como “Os Maias” ou “O Mistério da Estrada de Sintra”.

O que é para ti visitar um monumento, um museu, uma cidade histórica?

São coisas diferentes, quer na escala, quer na composição, mas seja a visitar um monumento ou um museu ou uma cidade tento sempre aprender algo de novo. É um ato de aprendizagem.

Qual é o teu tipo de consumo cultural?

Como disse anteriormente, tudo é cultura, mas consumo, especialmente, livros, filmes e séries. De vez em quando uma visita a um museu ou a um monumento.

Artesanato, artes tradicionais, saberes, costumes…diz-te alguma coisa?

Tradição e, por estranho que pareça, futuro.

O artesanato, os costumes e os saberes são elementos vitais na identidade de um povo/cultura/sociedade. Se hoje somos o que somos é devido aos conceitos acima referidos, pois são essenciais na ligação entre o passado e os dias de hoje, refletindo-se através da transmissão de crenças, ritos, práticas e saberes valiosos que desta maneira não se perderam no tempo e, assim, continuam a fazer parte da nossa identidade.

Apesar de associarmos estes conceitos ao passado, acho formidável a capacidade de se reinventarem perante a sociedade atual. É possível observar em várias áreas, como a moda e o design, a criação de mais-valias através destes recursos, continuando a propagação destes elementos que marcam a nossa identidade.

O Património é uma área que te interesse para uma futura carreira profissional? Já pensaste nisso, em que campo?

Já pensei, sim. Na investigação do próprio edificado, tarefa que já faço, como expliquei anteriormente, e na relação turismo/cidade/património.

Faz sentido para ti, uma segunda licenciatura, especialização ou formação específica nesta área (restauro, gestão cultural, etc.)?

Faz sempre sentido, seja em qualquer área, ter formação específica de modo a sermos melhores profissionais.

Sabes o que faz um conservador-restaurador, um arqueólogo, um historiador da arte? Já visitaste uma escavação, uma obra de restauro ou acompanhaste um projecto cultural? Tens curiosidade?

Tenho uma ideia geral sobre o que fazem mas uma vez tive a oportunidade de presenciar uma escavação, quando fomos, enquanto projeto, à Rota do Românico e por acaso numa visita a uma das igrejas estava uma equipa de arqueólogos a escavar um túmulo medieval onde foram encontradas ossadas e alguns objetos, como um colar, e foi uma sensação estranha (um tanto mágica) pegar naquele artefacto com centenas de anos. Põe uma pessoa pensar…

Tens 1 hora livre, 10 euros e estás num bonita cidade mediterrânica: um passeio, um gelado ou um monumento?

Um passeio a caminho de um monumento, a saborear um gelado.

As sugestões de Flávio Rodrigues:

Livros: Monografia do Bonfim – “Bonfim - Território de Memórias e Destinos” de Jorge Ricardo Pinto “A Alegoria do Património” de Françoise Choay

“El culto moderno a los monumentos” de Alois Riegl Sites:

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