Nunca se ouviu tanto esta frase, que dá titulo a este texto, como nos últimos meses. Será esta a lição que vamos tirar da pandemia que nos virou a vida de pernas para o ar? Aprender a valorizar o que é nosso, entender de que forma isso estimula as economias locais e, acima de tudo, de que forma isso nos conecta com a nossa identidade?
Um pouco por todo o país, surgiram projetos de valorização dos produtos portugueses: novas lojas online, novos mercados online, novas plataformas de mapeamento de projetos nacionais, desde marcas da indústria até às oficinas mais pequenas. Percebemos que é o momento de deixarmos de falar para um nicho e começarmos a falar para o grande público.
E de que forma isso vai atrair o consumidor para o MANUAL?
Numa época plenamente digital, os mercados e os consumidores procuram cada vez mais produtos “feitos à mão”. Produtos que transmitam uma identidade cultural mas renovados com uma estética contemporânea. Um regresso às origens através dos significados e histórias por trás das peças enquadrados num contexto de modernidade.
O grande público entende agora que o artesanato está a mudar. Da tecelagem à moda, da escultura em madeira e em pedra à cerâmica, do mobiliário à joalharia – estas e muitas mais atividades estão, neste momento, a reinventar-se com critério. Com identidade, personalidade e paixão.
Temos constatado que os padrões de consumo estão a mudar e que sempre que compramos uma peça compramos também as memórias e as histórias que vêm com ela. Cada vez mais o consumidor procura essa economia de afeto, conceito desenvolvido pelo criativo brasileiro Jackson Araújo, que demonstra que, muito mais que uma peça, o comprador procura algo que esteja em sintonia com a sua individualidade.
Por isso, queremos aproveitar que o consumidor está sensível a estas questões para dar 3 razões para apoiar o MANUAL:
1 - Comprar MANUAL é apostar na qualidade acima de quantidade.
Quando falamos de consumo sustentável, reduzir é a palavra chave. Compre conscientemente uma peça intemporal que não se rege por tendências.
2 - Produção SLOW / LENTA
O MANUAL é inerentemente lento. Todo o processo de produção está ligado a inúmeras variáveis nomeadamente ciclos de colheita e tempo de produção. Além destas variantes, muitas destas marcas trabalham em torno de uma filosofia slow. A valorização do detalhe, a perfeição das peças à mão aliadas a um compromisso de termos peças únicas, mais duráveis e que não se regem por preços de mercado altamente manipulados.
3 - Ao comprar MANUAL está a mudar a sua relação com o objeto.
Conhecendo e reconhecendo a complexidade, a paciência e o tempo que um ofício exige, a nossa perspectiva e a nossa forma de consumo altera. Um produto de produção não é apenas mais um produto. É um produto que conecta um artesão ao consumidor. Um consumidor que valoriza uma história, uma cultura e a identidade de um país que está por trás do que está a comprar!
O artigo Comprem português, comprem português, comprem português! de Filipa Belo em toda a sua acertividade obriga-nos a uma reflexão sobre que modelo de sociedade queremos construir.
Num Portugal completamente desequilibrado onde o saber fazer se perdeu creio ser necessário repensar processos integrados de criação e distribuição da riqueza criada. O que é comprar português?, quando apenas é português o ultimo estágio de produção?
O que é comprar português quando o mercado potencial são 6 ou 7 milhões de clientes?, porque os "outros" vão agir de igual forma.
Muito obrigado Filipa por me ter feito pensar
Antonio