Nome completo: Ana Cristina Nunes Baptista
Local e ano de nascimento: Luanda, 07 de Agosto de 1960
Principais interesses: Viajar; Ler; Cinema; Ténis
Formação académica: Licenciatura em Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho; Pós-Graduação em Comunicação e Imagem e Curso de Especialização em Negociação da Universidade Católica de Lisboa. Várias formações complementares.
Cargo actual ou último cargo desempenhado: CEO da Art For You e Presidente da Comissão Especializada da Cultura e Turismo da FME – CE-CPLP
Como foi o seu percurso profissional? Por onde começou e por onde passou?
O meu percurso profissional começou na RTP. Inicialmente, como uma experiência engraçada, limitada no tempo uma vez que estava na faculdade, de assistente de produção num talk-show do Joaquim Letria. Depois... transformou-se numa paixão e em uma das maiores aprendizagens de trabalho que já tive! Esta relação durou alguns anos.
No meu percurso pós-televisão, seguiram-se dois novos e grandes desafios. Primeiro na FDTI, uma Fundação ligada à Secretaria de Estado da Juventude onde fui coordenadora da Área de Ciência e Tecnologia, que organizava grandes Mostras internacionais destas temáticas, e depois como Coordenadora da Área de Gestão de Media. Posteriormente, fui convidada para Directora de Projectos na Fundação Eugénio de Almeida, onde organizei conferências, seminários, ciclos de música e de cinema, workshops e cerca de 47 exposições de artistas como Almada Negreiros, Bordalo Pinheiro, Edgar Martins, José Manuel Rodrigues, Mário Césariny, Paula Rego, Vieira da Silva, Andy Warhol, Henry Cartier-Bresson, Joan Miró, M.C. Escher, Marcel Duchamp, Niki Saint Phalle e Picasso. Tive ainda a direcção e coordenação do inventário artístico da Arquidiocese de Évora.
Foram experiências de trabalho muito enriquecedoras, onde pude organizar e dirigir variadíssimos projectos institucionais, culturais e educativos, nacionais e internacionais.
Onde está hoje e o que faz?
Hoje sou CEO da empresa Art For You, criada para promover as artes plásticas e, cuja acção se materializa na concepção e realização de projectos expositivos, nacionais e estrangeiros. O objectivo, arrojado, é levar a arte do mundo para o mundo!
Aceitei, no início deste ano, o convite para presidir à Comissão Especializada da Cultura e Turismo Cultural da FME, Federação das Mulheres Empresárias e Empreendedoras da CE-CPLP, que se está a revelar um grande desafio. O diálogo intercultural, a partilha e o desenvolvimento de caminhos para ficarmos mais próximos tem sido muito enriquecedor.
O reconhecimento e a valorização da diversidade cultural de nove países como fonte de aprendizagem para todos, a oportunidade de realizar projectos conjuntos, o desenvolvimento de uma economia cultural em língua portuguesa e o apoio ao empreendedorismo feminino são alguns dos grandes objectivos a alcançar.
Qual elegeria como o projecto mais relevante que levou a cabo, até ao momento, para o sector do Património?
Para o sector do Património, sem dúvida, o projecto do Inventário Artístico da Arquidiocese de Évora.
Sob a Direcção Científica do Dr. Artur Goulart e com uma dedicada equipa de trabalho, este projecto realizou-se ao longo de 13 anos e abrangeu os acervos das instituições religiosas de 158 paróquias, localizadas em 24 concelhos dos distritos de Évora, Portalegre, Santarém e Setúbal. No âmbito deste projecto foram ainda desenvolvidas iniciativas de carácter cultural, científico, pedagógico e formativo, bem como editados 22 livros, 1 CD-ROM e um conjunto de cadernos pedagógicos.
E qual ‘aquele projecto’ que ficou por fazer ou completar?
Aquele que ainda não fiz ….
Qual a experiência humana que mais a marcou ao longo da sua vida profissional (colega, chefe, grupo de trabalho…)?
Ao longo da minha vida profissional vivi diversas experiências de trabalho e, por conseguinte, cruzei-me com um leque variado de pessoas que não me permite destacar um caso em particular. Nesse percurso, tive a sorte de privar com alguns seres verdadeiramente extraordinários, quer pelas suas qualidades profissionais, quer pelas suas qualidades humanas quer, sobretudo, pela entrega e generosidade para com aqueles que com eles trabalhavam.
Em retrospectiva, e numa escala de 1 a 10, como classificaria o seu percurso profissional?
Sempre fui uma pessoa de abraçar desafios e muito empenhada em tudo o que faço. Quero sempre fazer mais e melhor, mas para isso muito contribui a sorte extraordinária que tenho de gostar muito do meu trabalho e da área em que estou inserida.
A classificação que dou é de 8 e estou em continua aprendizagem, melhoria e procura de novos desafios.
Se tivesse possibilidade de voltar atrás, faria algo de forma diferente?
Acho que há sempre uma tendência a pensar que se fosse possível recuar no tempo faríamos algumas coisas de forma diferente, no entanto, sinto que dei o meu melhor e com todo o empenho na altura em que as fiz. Melhorar, sempre! mas no presente e no futuro. Perdoem-me a falta de modéstia, mas, apesar de todos os percalços e algumas pedras no caminho, tenho muito orgulho no percurso realizado.
Que conselho daria a quem está hoje a iniciar a sua carreira profissional na área do património cultural?
Muito empenho, trabalho e foco. Não é uma área fácil, mas vale a pena. Há tanto a fazer e a salvaguardar.
O que deseja para o sector do património em Portugal?
É fundamental uma maior aposta na cultura e na sua salvaguarda. Temos um património riquíssimo que devíamos cuidar mais e consequentemente valorizá-lo e disponibilizá-lo ao público. A cultura não é um sector menor!
Li há pouco tempo num artigo que, segundo o Eurobarómetro, Portugal é o quinto país da União Europeia que menos emprega na área da cultura e com o menor peso deste sector na criação de riqueza. Seja por falta de verbas, por desinteresse face às condições ou pela falta de uma estratégia duradoura, desejo que ocorra uma nova abordagem das políticas culturais e que haja uma maior consciência dos efeitos significativos que a dinamização deste sector pode gerar na economia e na sociedade do nosso país.
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