Nome completo: Micael da Silva e Sousa
Idade: 35
Redes sociais que utilizas: Facebook, Twitter, Linkedin, Instagram
Quais os teus principais interesses? Investigação, viajar, arte, pintura, fotografia, escrita, jogos de tabuleiro
Formação académica (curso, ano, universidade): Licenciatura (pré-bolonha) em Engenharia Civil, 2008 - Instituto Politécnico de Leiria.
Mestrado em Estudos do Património, concluído em 2011 - Instituto Politécnico de Leiria.
Licenciatura em História, minor em Artes e Património, concluído em 2014 - Universidade Aberta.
Mestrado em Estudos do Património, espera-se a conclusão em 2018, em fase de revisão da dissertação, Universidade Aberta.
Plano Doutoral em Planeamento do Território, desde 2017 a decorrer, parceria da Universidade de Coimbra e Universidade do Porto.
Porque escolheste esse curso? Vocação ou mercado?
Escolhi os cursos relacionados com o património por ter, desde sempre, uma paixão pela história. Despois da licenciatura em engenharia civil e mestrado em energia e ambiente senti a necessidade de conjugar conhecimento com a história, encontrando no património essa relação entre a engenharia, gestão e desenvolvimento. Uma vez que o património é aquilo que queremos salvaguardar para o futuro, exigindo-se que o saibamos salvaguardar, preservar e valorizar, as várias áreas do saber têm de ser conjugadas. O seguimento de estudos para o doutoramento em planeamento do território foi algo de natural, uma vez que as anteriores áreas de estudo se relacionam com o património e com a vontade de o planear para o futuro, tendo em conta tudo o que contém o território, tanto de natural como de construído e produzido pelas sociedades.
Qual a tua experiência profissional até agora?
Trabalhei em direção e gestão de empreitadas públicas e também na gestão de manutenção de infraestruturas e edificado público. Fui vereador adjunto para o ambiente, urbanismo, reabilitação urbana, planeamento e ordenamento do território no município de Leiria. Sou ainda presidente do Centro de Património da Estremadura, em final de mandato, tendo sido um cargo de voluntariado cívico. Fiz várias investigações formais e informações sobre história local. Acompanhei alunos com explicações e apoio ao estudo na disciplina de Historia de 12.º A e preparação para o respetivo exame.
Qual o teu ponto de vista sobre a empregabilidade em Portugal nas áreas do Património / Cultura?
Ainda é uma área por explorar. A reabilitação urbana ainda está a dar os primeiros passos. No Porto e em Lisboa já se faz sentir um grande impulso, mas ainda não se sente o mesmo no restante território. Há muito património edificado e urbano para reaproveitar, uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento sustentável. O turismo também se tem afirmado como um setor muito importante em Portugal, ao qual se liga a cultura e o património, apesar de parecer ainda algo volátil e incapaz de proporcionar empregos de qualidade para a maioria dos trabalhadores. Quanto à conceção e desenvolvimento de produtos e design a cultura e património nacionais, regionais e locais apresentam um grande potencial por continuar a aprofundar.
Preocupa-te mais a ideia de conseguir um emprego estável ou uma boa experiência profissional, mesmo que temporária?
Para quem se inicia no mercado de trabalho existem bastantes dificuldades. A precariedade é uma realidade e os salários baixos uma frustração. Não admira que muitos optem pela emigração, pois a formação e currículos tendem a ser mais valorizados noutras geografias. Em Portugal ainda se valoriza mais o material que o potencial humano.
Gostavas de ter um ‘emprego para a vida’?
Parece-me ser algo anacrónico esse conceito.
O que representa para ti o património cultural? Qual a primeira ideia que te vem à cabeça?
Diferenciação e identidade. Algo que só existe naquele local com aquelas características. Num mundo globalizado que tende para a homogeneidade isso só pode ser um grande valor diferenciador.
Consomes eventos culturais? Com que regularidade? Que tipo de eventos?
Visito muitas exposições, museus e monumentos. Sobre eventos não posso deixar de falar dos eventos culturais de jogos de tabuleiro modernos que organizamos em Leiria através dos Boardgamers de Leiria. Através destes encontros criamos espaços de integração social que servem também de partilha de conhecimentos, experiências e contactos.
O que é para ti visitar um monumento, um museu, uma cidade histórica?
É uma aventura. As minhas férias são, na esmagadora maioria das vezes, dedicadas a conhecer novas cidades. Sou um apaixonado pelo património urbano e todas as suas múltiplas camadas de história e funcionalidade. Adoro partir à aventura, com um mapa e deixar-me levar pelos caminhos de uma cidade, viver os espaços e os ambientes urbanos, procurando aqueles locais especiais, muitos onde se pode desfrutar de um museu ou monumento, sem o condicionamento do tempo.
Compras alguma publicação relacionada com o Património / Cultura? Se sim, qual?
Tenho todas as edições da Revista do Património. Depois tenho muitas outras publicações no formato livro, seguramente perto de 100 livros só sobre temas do património, especialmente urbanismo e economia do património. Vou colecionando, em várias línguas, pois é um tema que se relaciona que as áreas que tenho estudado academicamente e trabalhado profissionalmente.
Artesanato, artes tradicionais, saberes, costumes… Tens algum interesse por experiencias relacionadas com este tipo de actividades?
Tenho muito interesse por gastronomia. Tento saber fazer algumas receitas tradicionais, pois é um património riquíssimo e realmente diferenciador da nossa cultura, que podemos “valorizar” quase todos os dias.
Faria sentido para ti uma segunda licenciatura, especialização ou formação específica na área do património cultural? (restauro, gestão cultural, etc.)?
Tanto faz que já a realizei. O património é uma daquelas áreas de estudo que faz sentido conjugar com outras disciplinas e percursos académicos, tanto de forma pluridisciplinar como pluridisciplinar. Dificilmente o património pode viver isoladamente enquanto área do saber. Como engenheiro, planeador e gestor de projetos senti essa necessidade de completar a minha licenciatura e mestrado com outra licenciatura e mestrado na área do património. Agora no doutoramento estas opções e conjugações de conhecimentos ainda fazem mais sentido.
Já visitaste uma escavação, uma obra de restauro ou acompanhaste um projecto cultural? Tens curiosidade?
Sim, já acompanhei, embora tenha deixado isso para os especialistas. Já necessitei de acompanhar trabalhos arqueológicos em empreitadas públicas e projetos de licenciamento e execução de reabilitação de edifícios, deixando isso para os verdadeiros arqueólogos.
Tens 1 hora livre, 10 euros e estás num bonita cidade mediterrânica: um passeio ao ar livre, um gelado ou a visita a um monumento?
A visita de um monumento é claro, enchendo a máquina fotográfica de fotos de todos os pormenores, mesmo que a esposa ache que tiro demasiadas fotografias a seres inanimados.
* O texto desta entrevista foi escrito de acordo com o Novo Acordo Ortográfico.