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Estratégias de sobrevivência cultural


O ano de 2020 apresentou-se perfeitamente apetrechado para furar planos. Atrasar prazos. Cancelar eventos e espetáculos. Fechar espaços, museus, lojas, hotéis, restaurantes. Impedir viagens. Adiar projetos. Manter as pessoas em casa. Basicamente, dificultar-nos a vida.


Todos nós fomos postos, em 2020, perante desafios inimagináveis, tanto na vida pessoal como na vida profissional. Facilmente nos sentimos incapazes de responder. Mas, porque acreditamos que o acesso à cultura pode ser transformador no percurso das pessoas, não nos deixamos desanimar. A verdade é que começámos este ano letivo ainda desorientados e cheios de dúvidas. Quem, alguma vez, planeou um ano de atividades com este nível de incerteza? Podemos marcar atividades presenciais nas escolas? Podemos receber alunos nas nossas instituições? Passamos tudo para digital? Como comunicar de forma clara o nosso plano de atividades? Como chegar ao público que não é autónomo digitalmente? Como não deixar ficar ninguém para trás? A verdade é que são muitas bolas para manter no ar e não é possível prosseguir como se este desequilíbrio fosse natural.


Não nos resta senão aceitar o ritmo que o ano nos impôs. Gerir a nossa frustração, focar a nossa atenção no que ainda podemos fazer, especializarmo-nos em readaptação e replaneamento. Aceitar que há tempo para fazer e tempo para desfazer, como a Penélope. E que às vezes estes tempos se confundem e damos por nós a desfazer antes de termos sequer acabado de fazer…


Num dos milhares de imagens partilhadas que chegaram ao meu telemóvel nestes últimos tempos, houve uma que me chamou a atenção. Era a imagem de um rapaz com 3 orientações para a sobrevivência na selva: improvisar, adaptar, superar. A mensagem era que as orientações para sobreviver na natureza se mostravam perfeitamente adaptadas para sobreviver à pandemia. Nunca como agora foi tão necessário trabalhar a nossa resiliência e capacidade de adaptação, improviso e superação.


É importante não desistir e continuar a acreditar que o trabalho que desenvolvemos em serviços educativos continua a ser válido, útil e é cada vez mais necessário num mundo em que as desigualdades se acentuam e agravam diariamente, em que a sobrevivência mais básica muitas vezes deixa de estar assegurada.

 

A autora utiliza o Acordo Ortográfico.

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