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Dos Serviços Educativos como laboratórios para o mundo


Na sua pequenez e aparente pouca importância, os serviços educativos são dos serviços mais educativos que há!...


E servem até quase como pequenos laboratórios onde as experiências do dia-a-dia podem ser praticadas, refletidas e observadas, despertando o nosso espírito crítico e ajudando-nos a ser uma mais-valia para aqueles que nos visitam, além de valorizarmos a instituição que representamos.


Quanto mais cedo começamos a praticar este espírito crítico, com o público mas também connosco próprios, mais cedo nos apercebemos que estas experiências que levamos a cabo num ambiente controlado, com um certo tipo de público, a partir desta ou daquela pequena coleção, são as que melhor servem para nos ajudar a definir a importância do nosso papel naquela instituição e o que queremos transmitir (para quem vem de fora, mas também para ‘os de dentro’, que por vezes até são o público mais difícil que enfrentamos).


Nos serviços educativos, como na vida, a comunicação é chave. Implica a reflexão prévia (o que pretendo comunicar? A quem me dirijo?). Exige o respeito pelo tempo e pelo pensamento do outro (não tenho uma série de informações para ‘passar’, tenho uma conversa com este ou aquele grupo). Tem que ser clara e saber adaptar-se. Deve dar espaço à escuta, abrir-se à resposta do outro, fluir de acordo com o interesse de quem visita, mas ao mesmo tempo não deve perder de vista o que é específico e irrepetível naquela instituição ou lugar.


Depois, nos serviços educativos como na vida, nada está isento de esforço. Não costuma haver almoços grátis e os atalhos que simplificam nem sempre têm saída. É preciso investigação prévia e preparação cuidada, geralmente sobre temas variados que vão mudando de acordo com os calendários de exposições temporárias. Podemos estar bem preparados sobre um tema específico, mas convém também ter presente que quem nos visita tem ‘agenda própria’ e interesses diversificados que, se por um lado nos enriquecem com a sua experiência, por outro vão levar a conversa para lugares que nunca antes explorámos.


Nos serviços educativos, tal como na vida, geralmente não há ‘rede’, quando caímos (nos enganamos, somos apanhados em falso, damos informação errada ou incompleta) fazemo-lo em direto, à frente de quem lá estiver. Por isso é importante praticar a elegância, reconhecer o nosso erro, saber trocar ideias com educação, usar a calma e, se for preciso, aprender a cair, não deixando nunca de nos levantar com serenidade e bom humor!...


Por outro lado, nos serviços educativos, como na vida, é bom ter presente que a nossa atitude pode ser transformadora. O entusiasmo é contagiante; a sensação de enfado, também. Quem trabalha em serviços educativos deve ter gosto pelo que faz, vontade de aprender continuamente, não estar habituado à rotina, gostar de experimentar, de se relacionar com pessoas, de ser constantemente desafiado.


Por último, nos serviços educativos, como na vida, ninguém é perfeito. A vida é uma perfeita imperfeição, vamos aprendendo continuamente, tentando sempre melhorar, às vezes com maior sucesso que outras. Ninguém disse que era fácil, mas pode ser muito recompensador.

 

A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico.


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