A criação em Lisboa de um memorial de homenagem às vítimas da escravatura do império português foi proposta em 2017 pela Djass – Associação de Afrodescendentes no âmbito do Orçamento Participativo, que elege os projectos dos munícipes e da sociedade civil a financiar pela câmara.“Esse equipamento vai permitir partir do processo de escravização para compreender o racismo contemporâneo. Contar histórias de afrodescendentes na contemporaneidade, várias formas de resistência, de afirmação de subjectividade e de influência na cultura actual.”, afirmou a presidente da Djass, Beatriz Gomes Dias.
“A proposta foi aprovada no Orçamento Participativo de Lisboa e agora estamos a dar execução ao projecto. Vamos apresentar esta proposta porque aumentámos o valor do projecto para 150 mil euros (mais IVA). De acordo com as regras do Orçamento Participativo, a proposta só podia ir até 100 mil euros. Vamos também já viabilizar a criação de um centro interpretativo do memorial”, explicou a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, responsável pela apresentação do projecto na reunião camarária.
“Toda a zona ribeirinha, entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas, estava muito marcada pela chegada de embarcações carregadas de escravos. Depois, eles eram desembarcados na Casa dos Escravos, situada no complexo da Casa da Índia e Mina, junto ao palácio real no Terreiro do Paço, mas podiam ser vendidos em vários locais da cidade”, esclarece a historiadora Ângela Barreto Xavier, que faz parte do conselho consultivo do projecto da Djass.
O Memorial da Escravatura deverá ficar localizado no Largo José Saramago, no Campo das Cebolas, em Lisboa.
Fonte: Público
Imagem: Pesquisa de ouro no Brasil, 1814 GETTY IMAGES