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Abertas as inscrições para o curso "Revestimentos a Cal" no CAOP


O Centro de Artes e Ofícios do Património - CAOP, em Elvas, recebe entre os dias 21 a 29 de Junho de 2018, o curso "Revestimentos a Cal", leccionado por Pedro Sales, Mestre em Reabilitação, pelo Engº. Vasco Costa e pelo Mestre Profissional Adriano Carlos.

Está na ordem do dia a exigência da valorização do património e, consequentemente, do reconhecimento do seu valor social, cultural e económico. Esta exigência que nos impõe a sua recuperação e preservação, leva-nos por um caminho de regresso e de reaproximação aos materiais tradicionais.

No início do século XIX, os trabalhos do químico inglês Joseph Aspdim, ao queimar pedras calcárias e argila, conduziram-no à descoberta de um pó fino que fazia uma pasta quando misturado com a água, pasta que ao secar ficava tão dura como as pedras das construções. Foi àquele pó que, em 1824, deu o nome de Portland, como referência às rochas da ilha de Portland que igualava na sua cor, rigidez e durabilidade. Pela excelência das suas propriedades, como ligante, o cimento Portland rapidamente se tornou o ligante mais usado nos trabalhos de construção civil. Contudo, verificados os graves problemas que tem trazido à conservação dos monumentos, os organismos internacionais e os especialistas na recuperação e restauro do património estão a rejeitá-lo a favor do reúso da cal gorda no fabrico de argamassas. Por outro lado, com a difusão do conceito de património, as populações readquiriram a noção do valor cultural das construções herdadas de seus antepassados o que de algum modo reforçou o seu valor social e económico. Esta situação alertou as entidades públicas e o corpo técnico para o imperativo da recuperação do casario das cidades enquanto factor primordial da sua entidade. Nasce, assim, a ideia-força da recuperação dos centros históricos. Será este o campo de larga aplicação da cal e das técnicas milenares da sua colocação em obra que, ao exigir a recuperação dos saber-fazer desta arte, desde a produção até à multiplicidade de usos, virá permitir alicerçar um desenvolvimento económico sustentável ao nível de cada concelho e, posteriormente, ao nível regional. Estudos efectuados sustentam esta afirmação ao comprovaram que o valor monetário aplicado em materiais só circulava uma vez e que o valor aplicado na retribuição do trabalho circulava várias vezes dentro da economia local. A par das já habituais acções de estudo e investigação que atendem à construção, aos materiais e à composição, para as acções de planeamento e de definição do regulamento de intervenção num centro histórico, terá, também, de ser incluído, como elemento da maior importância estratigráfica, o cromatismo das construções, nas suas variações de cor e tom, que a cal com os pigmentos naturais permitem e que, na realidade, sustentam a ligação do Homem com a sua casa e com a sua região. O percurso no uso da cal pela preparação e aplicação das argamassas de cal, a pintura a cal e a aplicação da cal em elementos decorativos, nomeadamente, nos estuques e falsos materiais, nos esgrafitos e na pintura a fresco. Assim, ao recriarmos os modos de uso, já um pouco esquecidos, estabelecemos uma melhor identificação com as tradições e os valores da nossa herança cultural. A par do crescimento da consciência de cidadania teremos um maior grau de exigência quanto às políticas públicas de protecção do património.

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