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Este ano, Há (novamente) Festa na Aldeia!


As festas na aldeia fazem parte do modo de vida dos portugueses. O projecto Há Festa na Aldeia (que abrange as aldeias de Areja, Couce, Porto Carvoeiro, Ul e Vilarinho de S. Roque) vai beber a esta essência lusa para a criação de uma iniciativa inédita: a "valorização do património natural e paisagístico; o reforço do tecido económico e criação de emprego; o desenvolvimento do sector turístico; a valorização do património rural e a melhoria dos serviços sociais e culturais". Depois do trabalho realizado em cada aldeia - focando as suas especificidades para alcançar esses objectivos -, os resultados são apresentados num evento âncora, anual, que se realiza entre Julho e Setembro.

Promovido pela Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Terras de Santa Maria (ADRITEM) - em parceria com os municípios de Albergaria-a-Velha, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, Valongo e Junta de Freguesia da Lomba (Gondomar) -, a primeira edição do projecto (em 2013) foi financiada pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER). Este ano, a festa continua e a patrimonio.pt conversou com Teresa Pouzada, coordenadora da ADRITEM.

patrimonio.pt: Como surgiu a ideia para a criação deste projecto? Teresa Pouzada: Faz parte do ADN da equipa da ADRITEM conceber projectos diferenciadores e sempre numa lógica de potenciar o nosso território. É um território que, pelas suas particularidades, tem tudo para sobressair em termos nacionais e no estrangeiro. O Há Festa na Aldeia surge um pouco nessa linha, seguindo uma estratégia que assenta na preservação da identidade local, estimulando o sentimento de pertença das populações residentes e criando uma atitude proactiva de integração nas diferentes actividades. No ano passado, demos o primeiro passo e em 2014 pretendemos solidificar este projecto que - pressentíamos - fazia falta para a qualificação das cinco aldeias envolvidas.

p.pt: Como descreve o Há Festa na Aldeia? O que distingue este projecto? TP: Há Festa na Aldeia é um projecto pioneiro de desenvolvimento local, criando um novo foco de atractividade em espaços rurais com características próprias. Um dos enfoques é transformar pequenos territórios em pólos de atracção turística suficientemente dinâmicos. Para que tal aconteça, promovemos o envolvimento das comunidades, sobretudo do movimento associativo.

p.pt: Porquê a escolha das aldeias de Areja, Couce, Porto Carvoeiro, Ul e Vilarinho de S. Roque? TP: Confesso que foi uma escolha difícil, atendendo às potencialidades da região: optámos assim pelas aldeias do território da ADRITEM que fazem parte da rede Aldeias de Portugal.

p.pt: Para 2014, o projecto continuará a ser financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), ou a primeira edição trouxe interesse e outros apoios? TP: No final da edição de 2013 começámos de imediato a trabalhar na sustentabilidade do projecto, quer na captação de parceiros institucionais, quer na vertente empresarial. Já temos garantido o apoio das autarquias de Albergaria-a-Velha, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, Valongo e Gondomar e ainda de algumas empresas e do Instituto do Emprego e Formação Profissional - sendo que o apoio do PRODER continuará, mas em menor valor.

p.pt: Como correu a primeira edição, em 2013, e que expectativas tem para a edição deste ano? E que eventos destaca no decorrer de 2014? TP: O primeiro ciclo de eventos do projecto Há Festa na Aldeia superou todas as expectativas. Dado o sucesso que tivemos nas várias actividades, temos como objectivo a continuidade e geração de cada vez mais valor. Consideramos que temos aqui um produto diferenciado e de qualidade para oferecer, tendo o ano de 2013 sido definido como um ano de demonstração à comunidade e entidades locais dos objectivos pretendidos com este projecto e como pode funcionar o seu envolvimento no mesmo. O êxito alcançado atribui-nos mais responsabilidades e, por isso, queremos continuar a surpreender.

Neste ano o principal enfoque é na capacitação da população local e colectividades, na construção de actividades diferenciadoras e de excelência. No primeiro trimestre realizou-se a formação "Arte na Aldeia", em Areja e Porto Carvoeiro, com o objectivo de alegrar o espaço público e o património destas aldeias, com teares coloridos de lã e trapilho feito pelos seus habitantes. Está ainda previsto disponibilizarmos durante todo o ano e com marcação, o "almoce/jante connosco" na casa de habitantes da aldeia e a realização de percursos pedestres. No âmbito da qualificação/capacitação da comunidade, estamos a iniciar em cada aldeia os seguintes workshops: "Cá se fazem, cá se compram", em que a edição passada versou sobre a embalagem/imagem para venda dos produtos locais e esta nova edição terá como objectivo a construção de artesanato associado à aldeia, com base nos respectivos recursos/matéria-prima local e artes e ofícios tradicionais; "A minha horta é um jardim"; "Marionetas na aldeia"; "Música pela rua" e "Banda da Aldeia". Os programas dos eventos âncora que irão decorrer também já estão a ser ultimados e podem contar com novidades entusiasmantes.

p.pt: Há intenções de colaborar com intervenientes de outras áreas, no desenvolvimento do projecto, à semelhança do que aconteceu com o realizador Tiago Pereira (em 2013)? TP: Para a qualificação das actividades que queremos oferecer e apresentar, nomeadamente nos espectáculos previstos nos eventos âncora, estão definidos nomes de relevo desta esfera cultural e que são o grande factor de entusiasmo dos grupos que envolvemos neste trabalho de residência.

p.pt: Como vê a preservação/divulgação do património natural e rural, em Portugal? TP: Trata-se de um longo processo, essencial para preservar a identidade nacional. Um pouco por todo o território português - desde as cidades até aos ambientes rurais - recupera-se o património, interpretam-se as tradições da população e tudo com o objectivo de projectar as diferenças regionais de um pequeno País que, analisado nesta perspectiva, se pode tornar gigante. Para a valorização e preservação deste património é fundamental envolver a população local em projectos dinâmicos geradores de valor e sentimento de pertença e que sejam capazes de atrair visitantes externos. Aldeias lindíssimas e tradicionais do nosso país pecam por falta de conteúdo/actividades/dinâmicas organizadas que sejam atractivas para atrair turistas e visitantes.

p.pt: Considera que projectos como este, locais, são essenciais para essa preservação/divulgação? TP: Os projectos desta natureza - quer em meio urbano, quer em meio rural - devem conciliar a vertente tradicional com os conceitos de divulgação patrimonial, de usos e costumes e da rica gastronomia. Nestes factores ancestrais deve introduzir-se inovação (procurando surpreender em cada nova edição) e um cheirinho de modernidade, para assegurar a raiz da tradição por muito mais anos.

O projecto Há Festa na Aldeia pretende assim implementar formas de valorizar e promover lá fora e cá dentro, nas suas tradições, usos, costumes e gastronomia, o Portugal rural. A programação para este ano pode ser consultada no site, sendo que fica o convite para a participação nesta, que é a maior Festa na Aldeia no nosso país.

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