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Pousadas de Portugal


Quando um hóspede deixar de ser tratado pelo nome, para ser conhecido pelo número de quarto que ocupa, estaremos completamente desviados do espírito das Pousadas. 
António Ferro, 1942

A origem das pousadas em Portugal remonta à iniciativa governamental de António Ferro, com a publicação da Lei 31.259 de 1 de Maio de 1941, tendo sido a Pousada de Elvas a primeira a ser inaugurada em 1942, no Alentejo. Na década seguinte, desenvolve-se o conceito de ‘pousada histórica’, recorrendo ao aproveitamento de edifícios históricos, como palácios, conventos ou castelos (alguns em ruína), que são convertidos em unidades hoteleiras, preservando o seu valor cultural original. Actualmente, são 37 pousadas: 2 nos Açores, 10 no Alentejo, 3 no Algarve, 6 na região Centro, 6 na região de Lisboa e Península de Setúbal e 10 no Norte. Em 1974, é criada a ENATUR, com o estatuto de empresa pública, passando a sociedade anónima em 1992, e tendo como objectivo principal o desenvolvimento e exploração de actividades no sector turístico. Apesar de distinguidas em 1995 com o prémio anual da American Society of Travel Agents e da Fundação Smithsonian enquanto “instituição mundial com um papel mais preponderante na defesa do património cultural e do ambiente para fins turísticos”, as Pousadas de Portugal (geridas pela ENATUR) atravessaram um período difícil, acumulando prejuízos desde a década de 1990 e culminando com um avultado prejuízo em 2002. Em 2003, o XV Governo Constitucional, liderado por Durão Barroso decidiu privatizar 49% do capital da ENATUR, num concurso ganho pelo Grupo Pestana Pousadas (GPP): um consórcio constituído pelo Grupo Pestana (59,8%), Grupo CGD (25%), Fundação Oriente (15%) e outras duas empresas (Abreu e Portimar, 0,2%). A 1 de Setembro do mesmo ano, a GPP tornou-se responsável pela gestão das pousadas, para um período de 25 anos, com diversos encargos: gestão das unidades existentes, expansão da rede, alienação das unidades não rentáveis e obrigação de melhorar a qualidade do serviço. Apesar do difícil contexto económico nacional e mundial, o futuro das Pousadas passa pela expansão da sua rede em Portugal - estão previstas duas novas unidades na Serra da Estrela, para este ano (2012) e no Terreiro do Paço, ainda sem data de inauguração – e também no exterior, nomeadamente Brasil, Goa e Macau, Cabo Verde e Moçambique. Não obstante, também há notícias do encerramento de outras unidades... Pousada de São Brás de Alportel Inaugurada em 1944, segundo projecto do arquitecto Miguel Jacobetty Rosa, a Pousada de São Brás de Alportel não resistiu à falta de receitas nas últimas décadas, em parte devido à concorrência de outras unidades hoteleiras, inclusivé de pousadas do próprio grupo, caso da Pousada do Convento da Graça (Tavira), a cerca de 20km ou da Pousada do Palácio de Estói, a 8km. Em 2010, após 66 anos de funcionamento, o GPP decide encerrar a Pousada de São Brás de Alportel, na sequência dos prejuízos acumulados durante três anos seguidos, condição sine qua non prevista no contrato de concessão para viabilizar a decisão de encerramento. Legenda da fotografia: Inaugurada em 1944, a Pousada de S. Brás de Alportel foi uma das primeiras unidades hoteleiras do género que surgiram com a função de “pousada”, integrada num programa de revitalização do turismo regional, lançado por iniciativa de António Ferro em 1941. Um local de aprazíveis estadias para quem a visitava, a Pousada fechou em 2010, não sobrevivendo à falta de receitas e à concorrência do sector. Permanece o belo e sóbrio complexo edificado, da autoria do arquitecto Miguel Jacobetty Rosa.

Fontes:

Imagem: Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian http://www.flickr.com/photos/biblarte/6594703377/

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