Entrevista ao Director do Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota
A 14 de Agosto de 1385, os portugueses liderados por D. João I e D. Nuno Álvares Pereira, viveram um dos acontecimentos mais decisivos da História de Portugal, ao vencerem os castelhanos na lendária Batalha de Aljubarrota. O episódio afirmou a independência portuguesa, a consolidação do reinado de D. João I e o início da Dinastia de Avis.
A batalha, que decorreu no Campo Militar de S. Jorge, é hoje retratada e homenageada no Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA), sob a tutela da Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA).
O Director do CIBA, João Mareco, foi entrevistado pela Associação de Turismo Militar Português e falou da missão da Fundação, do CIBA e dos desafios do Turismo Militar em Portugal.
Tendo sido constituída com a preocupação de valorizar, salvaguardar e promover os campos de batalha em território nacional, nomeadamente nos períodos da Guerra da Independência e da Restauração, a FBA continua a promover a classificação dos mesmos, como Monumento Nacional.
João Mareco considera que o CIBA pode ser visto como “(…) a face visível do trabalho desenvolvido pela FBA, no que respeita à divulgação do período histórico da Guerra da Independência”, e que contribui para o desenvolvimento e afirmação do Turismo Militar no território nacional.
O Centro de Interpretação, situado em pleno campo militar de S. Jorge, “para além de enquadrar o visitante para a temática temporal (…) tem desenvolvido trabalhos de investigação científica (trabalhos de arqueologia) de modo a corroborar o que a história nos diz, ou até mesmo dando contributos para uma nova reinterpretação da mesma, através de novas abordagens técnicas, tirando partido das novas tecnologias, não só na divulgação, mas também na investigação in-loco (…)”, refere o Director.
O CIBA possui um roteiro temático intitulado “Nos caminhos da Independências”, que agrega diferentes pontos notáveis associados à Batalha de Aljubarrota e que permite conectar diferentes territórios num discurso comum. O centro promove, ainda, através de uma vertente mais comercial, a realização deste roteiro, fruto da identificação de lacuna ou falta de operadores dedicados à temática. João Mareco admite que tem debatido esta questão, juntamente com a ATMPT, “(…) uma vez que está identificado, por nós e pelo Turismo de Portugal enquanto entidade que tutela o turismo em Portugal, na criação e promoção de dinâmicas turísticas, de que o Turismo Militar ainda tem um grande percurso a fazer na criação de produto integrado. Actualmente, este não existe do ponto de vista da comercialização!”.
João Mareco acredita que através da criação de produto, o Turismo Militar pode ser o ponto de viragem na atracção de novos públicos e no desenvolvimento do Turismo no território nacional.
Quando questionado como caracteriza a procura dos visitantes no CIBA e na região, relativamente ao Turismo Militar ou a actividades que possam ser enquadradas neste produto, o Director do CIBA realça a procura de entretenimento e de informação, por parte dos visitantes. João Mareco assume que “Embora não o reconheçam, eles estão integrados num produto de Turismo Militar, pois a visita ao CIBA, muitas vezes compreende a visita a outros locais na região com importância para a temática” e destaca que “(…) a melhor dinâmica será o cruzamento com outras realidades, como por exemplo, a gastronomia, ou o enoturismo e o turismo de natureza”. O Centro de Interpretação promove todo o tipo de actividades e experiências diversificadas no mesmo espaço, desde entretenimento, lazer, gastronomia e desporto, e em todas elas é possível contar a história de Aljubarrota.
O director do Centro de Interpretação destaca, ainda, a dimensão do papel da Fundação Batalha de Aljubarrota na criação e musealização de estruturas visitáveis como este espaço, e na divulgação dos campos de batalha, como elementos incontornáveis do património nacional.
No que diz respeito ao futuro do Turismo Militar em Portugal, a prioridade passa pela criação e desenvolvimento de produto associado à temática, de forma a gerar desejo e vontade por parte do público. João Mareco sugere que talvez o passo seguinte seja “(…) integrar a oferta, focar e ser objectivo na mensagem, pois a ideia de património militar levado ao extremo, seria todo um país como Portugal, forjado a ferro e fogo, desde o século XII (para não falar do património militar anterior...).” O Director do CIBA enfatiza a importância de transmitir ao turista que visita o nosso país, que Portugal é sinónimo de Património, que por sua vez é sinónimo de Turismo Militar.
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