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A problemática Museus – Escola


*Ana Catarina Pinto Lobão


O presente artigo é, nada mais, do que uma reflexão quanto à problemática Museus – Escolas. Um levantamento de questões com as quais os serviços educativos (na sua maioria) são confrontados, diariamente.


Se, por um lado, há uma vontade por parte dos docentes em proporcionar oportunidades e experiências culturais e educativas ao alunos, por outro lado sabemos que há, cada vez mais, uma carência financeira quer no núcleo familiar quer nas instituições de ensino.


Sabemos, também, que há um sem número de Museus e espaços culturais em Portugal cujo acesso é de carácter gratuito, sobretudo para a comunidade escolar.


No entanto, há também um sem número de Museus cujo carácter gratuito não se aplica (muitas vezes em nenhuma circunstância). Apesar dos espaços culturais poderem reservar-se a este direito, aqui se levantam algumas questões:


1 – Todos os espaços de carácter cultural e patrimonial deveriam ser acessíveis, de carácter livre e gratuito, a todas as comunidades escolares? – Contando que vivemos neste cenário.


2 – As Escolas teriam um maior aproveitamento quanto a estas oportunidades proporcionando, mensal ou periodicamente este tipo de visitas aos seus alunos? Sabemos bem quais seriam os desafios para os docentes nesta fase: a questão dos transportes (que, maioritariamente, é assegurado pelos encarregados de educação e não pelas Escolas); a questão das autorizações dos encarregados de educação (que implica uma série de papelada); a questão do número de horas letivas (sabemos que para se realizar uma visita a um Museu cuja distância seja de, por exemplo, uma hora da Escola, implica que, pelo menos, duas aulas de diferentes disciplinas sejam diferidas).


Por isso, a verdadeira questão que se impõe: que solução para o trabalho conjunto entre Museus e Escolas? Como derrubar o muro que atrasa, nega e impede esta relação entre os docentes/alunos e os Museus?


Nunca os Museus tiveram tanta preocupação na aproximação do património com os alunos. Assistimos, diariamente, às várias experiências que os Museus proporcionam: cada vez mais preocupados com os diferentes tipos de público, cada vez mais preocupados com a acessibilidade, com o tornar o entendimento da arte mais intuitivo.


Uma nota que, maioritariamente das vezes é esquecida, é de que os Museus têm um papel que em muito se assemelha às escolas: promover o pensamento crítico, promover a observação, a imaginação, escutar os silêncios, interpretar imagens.


Mas, o que falta?


Apelamos aos docentes. Queremos ouvir-vos.


Queremos dar voz aos alunos e perceber quais as suas carências. Como, onde e quando os Museus podem atuar e trabalhar em conjunto com a vossa comunidade.


É urgente que os Museus se transformem em lugar-comum, em espaço de refúgio e liberdade.


Falo, agora na primeira pessoa, e por experiência própria, enquanto técnica de serviço educativo, o quão urgente é este trabalho com a comunidade, especialmente, com a comunidade escolar.


A esta comunidade temos e devemos dar a oportunidade de conhecer, visitar, olhar e ver.

Foram aqui lançadas várias questões e, em jeito de provocação, várias reflexões.


Aguardamos, com urgência, a vossa voz.


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Ana Catarina Pinto Lobão Licenciou-se em Gestão Turística, Cultural e Patrimonial pelo Instituto Politécnico de Viseu (ESTGL). Pós-graduada em Património, Artes e Turismo Cultural pela Escola Superior de Educação do Porto (ESE). Durante a licenciatura, frequentou um estágio na área da Comunicação. Atualmente, colabora no Serviço Educativo do MMIPO-Museu da Misericórdia do Porto.


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