Uma visita ao Centro Português de Fotografia no Porto permite-nos conhecer o Núcleo Museológico António Pedro Vicente, que integra uma colecção de Câmaras e Equipamento Fotográfico de todas as épocas, desde a invenção oficial da Fotografia, em 1839, até aos nossos dias, permitindo ao visitante experienciar e compreender a evolução da fotografia ao longo dos tempos.
Organizada por grupos tipológicos (ou “famílias”), a exposição inicia-se com exemplares raros de câmaras daguerreotípicas, percorrendo, em seguida, o longo período das câmaras de campo (em madeira) e das câmaras de estúdio, verdadeiras obras-primas da marcenaria da transição do século XIX-XX. São apresentados câmaras e visores estereoscópicos num percurso histórico-evolutivo, desde os primeiros exemplares às “descartáveis” actuais. O mesmo esquema de apresentação é seguido no caso das câmaras de fole, compreendendo exemplares raros, de grande valor estético e em magnífico estado de conservação. O período de grande vulgarização da prática fotográfica amadora pode avaliar-se pela selecção de umas dezenas de “Caixotes”, de vários materiais e países. Também a época do fotojornalismo é revisitada, com uma colecção de câmaras 35mm, destacando-se as Leicas e um grande número de imitações desta câmara mítica. O mesmo acontece, no caso das câmaras de objectivas gémeas, com as Rolleis e suas inúmeras imitações, e nas médio formato com a Hasselblad e seus sucedâneos. Uma sala é inteiramente dedicada ao império Kodak. Despertam sempre particular interesse do público as colecções de câmaras de espião e as miniaturas e subminiaturas. Na cela que abrigou Camilo Castelo Branco, mostra-se uma selecção de câmaras especiais, destacando-se a Escopette de Darier e a Ermanox, bem como a câmara utilizada por Tavares da Fonseca nos seus extensos levantamentos aéreos de Portugal. Mostram-se ainda exemplares de “jumelles”, câmaras de corpo rígido e instantâneas, percorrendo a história da Polaroid. São também apresentados uma variedade de materiais e equipamentos fotográficos: flashes, exposímetros, químicos e equipamento de laboratório.
*António Pedro Vicente nasceu em Águeda, em 1938. Doutorou-se em história pela Universidade de Paris, Nanterre, em 1974. É professor catedrático aposentado de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa. Membro da Academia Portuguesa da História e sócio correspondente de várias instituições, foi Conselheiro Cultural na Embaixada de Portugal em Madrid. Recebeu, em 2001, o Prémio Calouste Gulbenkian de História. Tem numerosos títulos publicados sobre história portuguesa do século XIX e suas relações com Espanha, França e Inglaterra, além de estudos sobre a História da Fotografia e da I República, entre os quais “Carlos Relvas Fotógrafo – Contribuição para a História da Fotografia em Portugal no século XIX” e “Arnaldo Garcez, um Repórter Fotográfico da 1ª Grande Guerra”. Sempre se interessou pela fotografia, como documento fundamental da história contemporânea, tendo iniciado a sua colecção de câmaras fotográficas num período em que este tipo de interesse era ainda raro. Muitas das peças que fazem parte da Colecção António Pedro Vicente são, hoje, únicas e difíceis de encontrar.