Foto: Nova SBE, Campus de Carcavelos (créditos: Maria Câmara)
Trabalhar na área do património cultural nunca foi tão interessante ou relevante. O crescimento do sector, a dicotomia de expectativas de uma nova geração de visitantes, a alteração das características demográficas dos turistas, a necessidade de inovação no campo da interpretação e as correntes políticas que circundam o sector geraram um mercado sedento de gestores especializados no património cultural.
Aprender a gerir o património apenas com a experiência, ou transitar para este sector sem conhecer as especificidades do mesmo não é tão fácil ou evidente quanto se poderia pensar: como em qualquer outra área, existem competências e ferramentas intrínsecas à gestão do património cultural que devem ser aprendidas previamente.
De facto, a procura por especialistas está a crescer, dentro e fora da Europa, mas a oferta não está a acompanhar esta tendência porque há poucos gestores formados nesta área. Por outro lado, há curadores, arqueólogos e conservadores brilhantes e experientes no sector. Neste contexto, quando tento recrutar um profissional, procuro provas em como adquiriram competências-chave para a gestão do património e como têm uma visão global do sector. Além disso, procuro cada vez mais uma compreensão sólida do que é necessário para gerir uma organização altamente complexa e estruturada.
Neste contexto, é exponencialmente importante contratar gestores experientes e especializados no setor do património cultural. Concretizando, a parte da gestão na gestão do património é negligenciada há demasiado tempo: temas como a angariação de fundos, gestão de crises e de relações públicas ou negociação são críticos e devem ser pensados na perspetiva do património. Além disso, as crescentes expectativas em relação à interpretação e à experiência levam a que os gestores precisem de conhecimentos detalhados sobre curadoria moderna. Numa era em que as políticas que estipulam a propriedade de objectos e o controlo de edifícios são altamente mediáticas, uma compreensão generalizada das correntes políticas atuais é também um must-have para qualquer gestor do património.
Foto: Nova SBE, Campus de Carcavelos (créditos: Nova SBE)
Cada vez mais, as escolas de negócios procuram soluções para fazer face a esta lacuna de competências. Tudo começa quando se percebe que um programa para executivos é uma forma eficaz e eficiente de proporcionar a um gestor experiente as qualificações necessárias para trabalhar no sector do património. Por outro lado, o próprio sector também começa a aperceber-se da importância que outros cursos superiores (ou apenas experiência relevante na área) têm na carreira de um profissional que se queira focar neste sector. Executivos com licenciaturas em inglês, gestão ou até matemática estão a progredir na área do património. Por outras palavras, há contabilistas, jornalistas, advogados, enfermeiras e até arquitectos que conseguiram transitar para este campo.
O mundo de cuidar, proteger e monetizar os activos patrimoniais está a mudar. Para ser bem-sucedido e conquistar os melhores cargos no sector, será necessária uma combinação de experiência, paixão pela cultura e uma compreensão académica exaustiva do sector.
Vivemos numa era empolgante em que, de Lisboa a Londres e de Lesoto a Lahore, a pressão no património está a aumentar. Por isso, precisamos de uma nova geração de profissionais treinados e especializados na gestão do património cultural que enfrentem os desafios que se avizinham e tirem partido das oportunidades eminentes, enquanto protegem, preservam e interpretam a história da Humanidade.
Artigo de Justin Albert, director do National Trust Wales
Originalmente publicado por: Nova SBE