O Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, em Lisboa, recebe a mais recente exposição individual do artista José Pedro Cortes "Um Realismo Necessário", com curadoria de Nuno Crespo.
A mostra parte de um conjunto de fotografias, feitas entre 2005 e 2018, nas quais Cortes renova a sua forma de olhar para a matéria e a superfície do nosso tempo, e que revelam o seu interesse na representação do corpo humano. Fazer retratos e olhar para o outro sempre foi uma forma de José Pedro Cortes pensar a realidade que nos rodeia. Como criador de imagens, aceita a complexidade deste tempo, a sua fabricação e os seus impulsos, a sua vulnerabilidade e beleza, que não permite leituras dogmáticas. Em contraste com o realismo neoliberal, as suas imagens afirmam a necessidade de não nos deixarmos subordinar à visão pragmática da vida, porque a realidade não é mecânica, linear ou numérica, mas um desafio que diariamente exige atenção e reflexão. Nestas salas, percorremos homens e mulheres que nos olham, outros que sensualmente se acariciam na cama ou observamos um grupo de amigos que languidamente descansa num relvado, numa tarde de verão. Não há geografias ou tempos, e, enquanto, espectadores das fotografias de José Pedro Cortes, somos voluntariamente convidados a fazer movimentos rápidos, lentos, intensos, que vão do interior para o exterior, percorrem os centros e as margens e que tentam encontrar a vida, mas também o esqueleto e a ruína que o tempo deixa na sua passagem.
Conjuntamente com a exposição é publicado A Necessary Realism de José Pedro Cortes (ed. MNAC / Pierre von Kleist editions). O livro contém 148 imagens, assim como uma conversa de José Pedro Cortes com Nuno Crespo e textos de Emília Ferreira (Directora do MNAC), Shoair Mavlian (Directora de Photoworks UK), David Santos (curador e historiador de Arte), Julião Sarmento (artista plástico) e Nuno Crespo (investigador e crítico de arte), e um poema inédito intitulado "Música" para as fotografias de José Pedro Cortes por José Tolentino de Mendonça (poeta e teólogo).
José Pedro Cortes (1976) é natural do Porto. Estudou no Kent Institute of Art and Design (Master of Arts in Photography) e desde 2005 que expõe regularmente tendo apresentado o seu trabalho em contextos de exposições nacionais e internacionais, nomeadamente no Centro de Fotografia (Porto, 2005), no Museu da Imagem (Braga, 2006), na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2007), no Centre Gulbenkian Paris (2012), no CAAA – Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura (Guimarães, 2013), no CAV - Centro de Artes Visuais (Coimbra, 2013), no Museu de Serralves (Porto, 2014), no CGAC - Centro Galego de Arte Contemporánea (Santiago de Compostela, 2015), no Canadian Centre for Architecture, (2015, Toronto), no Deichtorhallen Hamburg (2012) e no Museu da Electricidade (Lisboa, 2015). Em 2014 foi um dos três nomeados para o prémio BESPhoto 2014 e, em 2016, foi um dos quatro artistas convidados para desenvolver um trabalho inédito para a BF16 – Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Já em 2018, expôs Planta Espelho na Galeria Francisco Fino em Lisboa.
Já publicou quatro livros, Silence (2005), Things Here and Things Still to Come (2011), Costa (2013) e One's Own Arena (2015), editados pela Pierre von Kleist editions, de que é fundador e editor.