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Alimentação Mediterrânica – características alimentares e nutricionais


A Dieta Mediterrânica tem a sua origem nas tradições e na cultura dos países que circundam o Mar Mediterrânico ou que dele sofreram influências, como é o caso de Portugal. Foi construída e apreendida ao longo de séculos e representa um legado de diferentes culturas e civilizações.

A Dieta Mediterrânica está associada a um modelo alimentar completo e equilibrado que apresenta inúmeros benefícios para a saúde, proporcionando maior longevidade e qualidade de vida, que resultam das suas características nutricionais, das quais se destacam:

- Presença abundante de ácidos gordos insaturados (sobretudo monoinsaturados), a partir do consumo de azeite, principal fornecedor de ácido oleico, e ácidos gordos polinsaturados ómega 3, provenientes do pescado e dos frutos secos, a par de um baixo consumo de ácidos gordos saturados e trans presentes nas carnes vermelhas, fatores nutricionais importantes na proteção da saúde cardio e cérebro vascular (Trichopoulou 2003, Trichopoulou, Bamia et al. 2005, Willett 2006, Martinez-Gonzalez, Bes-Rastrolo et al. 2009).

- Riqueza em vitaminas, minerais e substâncias com elevado potencial antioxidante, que se encontram nos produtos hortícolas, fruta, leguminosas frescas e ervas aromáticas condimentares, que contribuem para diminuir o risco de desenvolvimento de doenças neuro-degenerativas, de doenças cardio e cerebrovasculares e de vários tipos de cancro (Sofi, Cesari et al. 2008, Scarmeas, Stern et al. 2009).

- Consumo de cereais pouco refinados, dos quais se destacam o trigo e o arroz, que em conjunto as leguminosas e a batata representam as principais fontes alimentares de hidratos de carbono complexos e calorias.

- Consumo elevado de produtos vegetais em detrimento do consumo de produtos alimentares de origem animal proporcionando uma distribuição equilibrada do balanço energético diário em que 55 a 60% da energia diária é proveniente dos hidratos de carbono, 25 a 30% dos lípidos e 10 a 15% da proteína, sobretudo de origem vegetal (leguminosas e cereais).

O modo tradicional de preparação dos alimentos também contribui para o enriquecimento nutricional das refeições. A cozinha mediterrânica é uma cozinha simples que tem na sua base as sopas, os cozidos, os ensopados e as caldeiradas onde se incorporam os produtos hortícolas e as leguminosas, com quantidades modestas de carne e que usa como condimentos a cebola, o alho e as ervas aromáticas para enriquecer os seus sabores e aromas. Esta simplicidade contrasta com uma culinária mais rica e elaborada reservada para os dias de festa.

A candidatura portuguesa da DM a Património Imaterial da UNESCO é importante, no sentido em que pode promover o seu estudo, a sua preservação e a sua divulgação, tanto mais, que esta “maneira tradicional de comer” combina com sucesso a diversidade de sabores e aromas com efeitos benéficos para a saúde.

Maria Palma Mateus - Nutricionista, docente no Curso de Licenciatura em Dietética e Nutrição da Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve.

Referências bibliográficas

Martinez-Gonzalez, M. A., et al. (2009). "Mediterranean food pattern and the primary prevention of chronic disease: recent developments." Nutrition Reviews 6(Suppl. 1): S111-S116.

Scarmeas, N., et al. (2009). "Mediterranean Diet and Mild Cognitive Impairment." Archives of Neurology 66(2): 216-225.

Sofi, F., et al. (2008). "Adherence to Mediterranean diet and health status: meta-analysis." BMJ 2008;337:a1344.

Trichopoulou, A. (2003). "Adherence to a Mediterranean Diet and Survival in a Greek Population." N Eng J Medicine 348(26): 2599-2608.

Trichopoulou, A., et al. (2005). "Mediterranean Diet and Survival Among Patients With Coronary Heart Disease in Greece." Archives of Internal Medicine 165(8): 929-935.

Willett, W. C. (2006). "The Meditterranean diet: science and practice." Public Health Nutrition 9(1A): 105-110.

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