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Estratégias de sedução para públicos ‘distraídos’



Neste tempo em que felizmente há cada vez mais oferta cultural é difícil sobressair, sobretudo enquanto instituições culturais permanentemente subfinanciadas, a precisar de obras e muitas vezes ocupando espaços inadequados. E temos muita sorte porque património não nos falta!... O que, por vezes, nos falta é gente que queira conhecer-nos, público para nos visitar, clientes, utentes, visitantes (ai, os números!...).


Por isso, uma das principais preocupações de quem trabalha em serviços educativos é exatamente procurar, encontrar e cativar o seu público. Como num namoro, temos de ir ao seu encontro e seduzi-lo, mostrando o nosso melhor lado e tentando tornar-nos insubstituíveis.


Para que esta relação, como outra qualquer, seja bem-sucedida, temos que nos empenhar, dar e receber. Gerir as expectativas de quem recebe e de quem visita. Ir ao encontro e trabalhar em conjunto para estabelecer as tais relações únicas e insubstituíveis. Porque na verdade o nosso trabalho é tudo menos solitário e isso é uma das suas maiores riquezas, é uma vida feita de relações, de pontes entre pessoas com os mesmos interesses ou não, mas com quem estabelecemos diálogos e temos sempre muito a aprender.


É a memória de todos que guardamos enquanto instituições detentoras de património cultural, nada disto fazia sentido se não fosse para ser conhecido e aproveitado. Sabemos bem que há públicos que nos visitam naturalmente, com quem a relação está estabelecida. Não estão esquecidos.


Mas qual deve ser então a nossa prioridade? Ir ao encontro dos ‘distraídos’ que nunca em dias da vida tinham ouvido falar de nós. Que não sabem para que serve, nem se apercebem que aquilo que guardamos é tão deles como nosso. Que vivendo ou estudando dentro dos limites geográficos da cidade não costumam ‘vir a Lisboa’, visitar um museu, entrar numa biblioteca, refletir sobre a sua vida cultural ou a do bairro onde se movem.


Onde estão? Espalhados um pouco por toda a cidade, em especial na periferia geográfica e social, em bairros desfavorecidos e envelhecidos, mas também mesmo no centro.

Quantos são? Demasiados. O que pode provocar uma sensação de luta contra a corrente, de que por mais que façamos nunca vai ser suficiente…


Como podemos chegar até eles? Partindo ao seu encontro, onde estiverem: os mais jovens na escola, através de alguns maravilhosos professores ou das bibliotecas escolares; os mais velhos podem ser encontrados em centros comunitários ou sociais.


Que estratégias usar para os cativar? Tentando dar o nosso melhor para partilhar o prazer de pesquisar e encontrar significado no que os rodeia, numa obra de arte, num monumento, edifício, registo fotográfico, documento. Lutando muitas vezes contra a sua indiferença inicial, com simplicidade e de coração aberto. Vivendo em conjunto momentos de descoberta, fazendo um pouco de tudo para que se apropriem deste património que guardamos, que o façam deles, o usem, o tratem com carinho e o partilhem.


Se por um lado há cada vez mais públicos ‘distraídos’, por outro, também somos muitos mediadores e serviços educativos, espalhados por Portugal fora, ocupados com o nosso património e a valorizá-lo tornando-o conhecido e querido por cada vez mais pessoas.

 

A autora utiliza o Acordo Ortográfico.


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