Situada no alto do monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, a Basílica de Santa Luzia, é uma marca majestosa no cimo de uma encosta da cidade, um cartão de visita cuja vista panorâmica abrange o Atlântico, o vale do rio Lima e todo o complexo montanhoso envolvente.
As características geográficas deste local desde cedo atraíram o homem, existindo já uma capela de construção medieval, inicialmente dedicada a Santa Águeda, e posteriormente reconstruída em 1664.
Em 1712, a comissão de Nossa Senhora da Abadia, manda reedificar a capela, com ampliação da capela-mor e da sacristia e um altar lateral dedicado a Santa Luzia. Com o crescimento do culto a Santa Luzia, os devotos mudaram a sua imagem para o altar-mor, passando esta a ser a padroeira. Esta nova capela seria de modestas dimensões, com planta longitudinal e nave única, total ou parcialmente forrada por azulejaria datada de 1701. A capela-mor tinha uma imagem de Santa Luzia inserida num retábulo, que possivelmente acolheria ainda as imagens da Senhora da Abadia, da Nossa Senhora da Conceição e do Senhor da Cana Verde.
A 20 de Janeiro de 1885, um projecto de uma capela para substituir a existente, da autoria de Henrique Alexandre Nogueira, foi apresentado à mesa da Confraria, acabando por ter sido adiado, uma vez que os recursos estavam direccionados a outras obras.
Em 30 de Novembro de 1889, o fiscal Câmara Leme apresenta uma proposta do Engenheiro L. Fontão, que se dispõe a organizar um projecto de capela, escadas e ainda jardins no terreno adjacente à primitiva capela pelo lado Sul, virado para a cidade. Foi organizada uma comissão para recolha de donativos para estas obras e em 1893 é criada a Comissão de Melhoramentos do Monte de Santa Luzia, encabeçada por António Alberto da Rocha Páris.
Após a construção da estrada de acesso à antiga Capela em Agosto de 1890, existia a vontade de criar, além de um novo templo, um conjunto de equipamentos com o intuito de tornar Viana do Castelo numa estância de lazer e piedade. Esta estância, ao mesmo tempo monumento, santuário de peregrinos e espaço de recreio, fazia parte de uma estratégia muito mais abrangente, em que o papel da linha de ferro e o porto de mar se incluíam.
Para este novo projecto, a Comissão de Melhoramentos decide contactar um arquitecto recém-formado na Escola de Belas Artes de Paris, Ventura Terra, para que fizesse a sua proposta de projecto para o novo Templo-Monumento, sendo apresentado um primeiro esboço em Fevereiro de 1898. O projecto final, datado de Agosto de 1899, apresentava um imponente edifício revivalista, de granito, fundindo o Neo-Românico (Rosáceas, arcos de volta perfeita na galeria da fachada norte) com o Neo-Bizantino (planta centrada, em forma de cruz grega, cobertura em abóbada central), abrigando na sua fachada principal um pequeno nicho onde se colocaria a estátua de Aleixo Queiroz Ribeiro. O edifício é ladeado por uma coluna, encontrando simetria com outra igual construída com esse propósito. Para ligar o edifício à cidade, Ventura Terra projectou uma escadaria monumental, com 100 lanços e 475 degraus, que sulcaria o monte de Santa Luzia, mostrando o caminho que culminaria no adro do santuário, no cimo do monte.
A construção da Basílica teve início em 1903 e foi apenas finalizada em 1943. Em 1910 com a revolução republicana e a nova lei de separação do estado da igreja, as obras ficam suspensas até 1920. Em 1925, e após a morte de Ventura Terra em 1919, forma-se a Comissão Administrativa do Templo de Santa Luzia, com a intenção de retomar as obras, para as quais foi então contratado o arquitecto Miguel Nogueira para seguir a obra e terminar o projecto. Em 1925 inicia-se a segunda fase de obras, com a intenção de terminar a capela-mor, para que esta seja aberta ao público em Agosto desse ano. Ao ser transferido o culto para a nova capela-mor, é demolida a antiga capela existente. Miguel Nogueira, sofrendo de miopía, delega no construtor Emídio Lima a direcção das obras, que correm sem interrupções até à sua conclusão em Abril de 1940.
A estátua de bronze, do Coração de Jesus, colocada na entrada, datada de 1898, é da autoria do escultor, Aleixo Queirós Ribeiro, os dois querubins do altar-mor, são da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e esculpidos pelo Mestre Emídio Lima e Albino Lima, em mármore de Vila Viçosa. Os vitrais das rosáceas foram executados na oficina de Ricardo Leone, em Lisboa, o fresco que representa a via-sacra e a Ascensão de Cristo, na cúpula, tem como autor, M. Pereira da Silva. O carrilhão é composto por 26 sinos.