Maria José Teixeira *
Porquê um projeto na área da acessibilidade?
A acessibilidade é entendida e trabalhada por nós como o ponto de partida e, simultaneamente, um ponto de chegada, para uma experiência positiva e memorável, aquando da visita ao Museu Nacional Ferroviário.
Para além dos recursos materiais, a acessibilidade é uma questão entre Pessoas – as Pessoas que visitam o Museu e as Pessoas que trabalham no Museu. E as Pessoas são todas diferentes, mesmo quando parecem iguais.
Promover a acessibilidade é aceitar que todas as pessoas têm necessidades diferentes, proporcionando-lhes acesso equitativo ao Museu e aos seus conteúdos, respeitando a riqueza da diversidade humana.
Projeto Welcome all
Inaugurado a 18 de maio de 2015, o Museu Nacional Ferroviário ocupa o antigo Complexo Ferroviário desta cidade. Com uma área de 4,5 hectares (cerca de seis campos de futebol), 19 linhas ferroviárias e com a exposição permanente distribuída por 4 edifícios e espaços exteriores.
Quer as características físicas do Museu, quer a sua coleção e a sua temática muito especializada, constituem em si desafios, em termos de acesso. Tratando-se de um Museu recente, a maioria das questões relativas à acessibilidade física encontrava-se resolvida à data de arranque do projeto Welcome all (2017), mas a experiência adquirida com os dois primeiros anos de atividade do Museu ensinou-nos que é sempre possível fazer mais e melhor.
Entendemos, nessa altura, ser urgente aumentar o nível de acessibilidade do Museu a Todas as Pessoas, o que inclui, para além das questões físicas, uma melhor comunicação com os públicos e uma programação mais inclusiva. Esta estratégia assenta nos valores da Equidade e da Dignidade no Acesso, sendo também nossa intenção com este projeto captar novos públicos, nomeadamente as pessoas com necessidades específicas que viajam por Portugal e pela Europa, e que selecionam e preparam as suas viagens na origem, de acordo com os recursos de acessibilidade que conseguem identificar.
A notoriedade do destino Portugal, a boa performance da Região de Turismo do Centro e as novas formas de comunicação, nomeadamente a Internet e as Redes Sociais, têm vindo a contribuir para um aumento da Procura do Museu, mas também nos trazem visitantes mais informados e mais exigentes, obrigando a um maior enfoque na qualidade e versatilidade da Oferta, que deverá ser customizada à medida das necessidades dos visitantes. O projeto Welcome all veio capacitar o Museu para introduzir melhorias nos espaços e no Atendimento e Acolhimento aos visitantes, proporcionando uma melhor experiência de visita.
Os nossos objetivos:
Alargar o potencial de audiência do Museu Nacional Ferroviário, através da melhoria das condições de Acessibilidade;
Reforçar a qualidade do Acolhimento e Acompanhamento dos visitantes;
Garantir condições de igualdade e equidade no acesso ao Museu e aos seus Conteúdos.
O ponto de partida: dois diagnósticos de acessibilidade realizados pelas associações Acesso Cultura e Accessible Portugal, em 2017.
A partir das conclusões e recomendações destes dois estudos e tendo em vista a correção de inconformidades e a introdução de melhorias, desenhámos um Plano de ação, cujas atividades foram divididas por prioridades, de acordo com as nossas capacidades de realização e de investimento financeiro.
No decurso do trabalho tivemos a oportunidade de obter financiamento do Turismo de Portugal, através de uma candidatura bem-sucedida ao programa “Turismo acessível”, o que nos ajudou a avançar com o nosso projeto, nomeadamente na execução de componentes mais onerosas.
Foram implementadas medidas corretivas de pequenas inconformidades, visando o aumento da segurança da visita: pavimento tátil, tarjetas táteis, alargamento de plataformas, fitas fotoluminescentes, criação de pontos de água para cães-guia e de assistência, colocação de novos corrimões e apoios, nivelamento de pavimento e aquisição de uma plataforma elevatória para cadeira de rodas, para visionamento do interior do Comboio Real, entre outros.
Foram também feitas mudanças nas opções expositivas, recolocando-se peças, sinalética e legendas.
No que respeita à Acessibilidade Comunicacional, o projeto integrou o desenvolvimento de recursos facilitadores do acesso intelectual aos conteúdos e à exposição, como Áudio-guias com os idiomas Português, Inglês, Francês, Castelhano, Alemão e Japonês; Criação de Guia do Museu em Linguagem Clara; Criação de filme para apresentação do Museu em Português e Inglês, com tradução para Língua Gestual Portuguesa e Gesto Internacional e a criação de um website que cumpre os critérios de sucesso de conformidade AAA e oferece uma navegação robusta em diferentes dispositivos.
O projeto Welcome all integrou ainda a componente da formação em atendimento a Pessoas com necessidades específicas, nomeadamente Pessoas com deficiência visual, deficiência física, deficiência intelectual ou com dificuldades na expressão oral e Pessoas S/surdas.
Paralelamente ao trabalho desenvolvido nas componentes físicas e comunicacional, procura-se que a Programação do Museu seja mais inclusiva, integrando atualmente a interpretação em língua gestual portuguesa na maioria das suas atividades, bem como visitas táteis mensais.
O projeto terminou. E agora?
O projeto Welcome all ensinou-nos várias lições.
A primeira e, eventualmente a mais importante, é que muitas vezes a acessibilidade pode ser melhorada sem que para tal sejam necessários grandes investimentos. A regra é colocar-nos no lugar do outro. Recebermos bem todas as Pessoas, incluindo as que têm necessidades específicas, passa principalmente por tentarmos entender quem está à nossa frente e o que poderemos fazer para tornar a experiência dessa pessoa no Museu o mais agradável possível.
A segunda lição é que a acessibilidade e o acesso equitativo deverão estar presentes em todas as nossas linhas de trabalho, desde a produção de conteúdos, até à programação. Nem sempre iremos conseguir, mas é necessário que cada trabalhador do Museu Nacional Ferroviário entenda a acessibilidade como uma prioridade do seu trabalho, quando atende o telefone, faz uma visita guiada ou escreve um texto.
Também aprendemos que o nosso Museu e os nossos conteúdos nunca serão totalmente acessíveis a todas as Pessoas. Tivemos que assumir este facto e aprender a trabalhar a acessibilidade com as limitações originadas pelo contexto.
Outra lição é que o trabalho em acessibilidade não tem um fim. É um caminho! No Museu Nacional Ferroviário estamos a percorrer esse caminho, com a gratificação de sabermos que, pouco a pouco, estamos a chegar a mais Pessoas.
* Maria José Teixeira é Gestora de Projetos do Museu Nacional Ferroviário
A autora utiliza o Acordo Ortográfico.
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