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Patrícia Brás


Nome completo: Patrícia Alexandra Varanda Brás

Local e ano de nascimento: Lamego, 7 de Abril de 1978

Principais interesses: Arte, Cultura, Comunicação. Formação académica: Licenciatura em Comunicação Social (Universidade do Minho), Mestrado em Ciências da Cultura (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), Pós-graduação em Museologia (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)

Cargo actual ou último cargo desempenhado: Até 30 de Junho de 2019: Técnica responsável pela Comunicação do Museu de Lamego e projecto Vale do Varosa. Desde 1 de Julho de 2019: Coordenação da rede de lojas – Lojas a Norte - da Direcção Regional de Cultura do Norte.

Onde está hoje e o que faz?

Ao fim de 14 anos no Museu de Lamego e desde 2012 também no projecto Vale do Varosa, estou desde o dia 1 de Julho [de 2019] a abraçar um novo desafio, a coordenação da rede de lojas instaladas nos museus e monumentos da Direcção Regional de Cultura do Norte – Lojas a Norte. Deixei a minha área de conforto para assumir outra que, para mim, não é mais que uma outra forma de “olhar” o património.

Como foi o seu percurso profissional? Por onde começou e por onde passou?

O meu percurso profissional começa ainda enquanto estudante do 3º ano da licenciatura em Comunicação Social da Universidade do Minho, Braga. Surgiu uma possibilidade de trabalhar como jornalista na Rádio Universitária do Minho (RUM) e agarrei a oportunidade com unhas e dentes. Durante cerca de três anos fui trabalhadora-estudante e levantava-me todos os dias às 6h30, porque às 8h00 já havia noticiário para fazer. E foi assim até ao meu 5º ano, último da licenciatura e, nesta altura, pensava que o jornalismo iria ser a minha vida.

Foi também na “minha” RUM que tive uma das experiências mais alucinantes e enriquecedoras da minha curta carreira no jornalismo. Tive a oportunidade de, no ano 2000, durante 10 dias, estar no Kosovo, onde em cada esquina se sentia a tensão de uma região dividida, um cenário de destruição apenas apaziguado pela força multinacional da NATO, KFOR. Esta foi uma experiência que me marcou e que ainda hoje me recorda da sorte que tenho.

No mundo do jornalismo, passei ainda pela Antena 1, através de um estágio curricular, e pelo “obscuro” mundo dos primórdios do jornalismo digital.

Até esta altura, a cultura e o património não passavam pelos meus planos. Aliás, tenho de confessar que cada vez que tinha de fazer um trabalho sobre uma exposição, uma peça de teatro ou poesia, entrava em pânico, porque sabia muito pouco sobre a área da cultura e não queria errar.

Claro que o medo viria a dissipar-se por completo, quando em 2005 cheguei ao Museu de Lamego, integrada no Programa Cultura-Emprego. A ideia inicial era dedicar-me ao site do museu, mas rapidamente me deparei com um conjunto de diferentes tarefas e tornei-me polivalente (como, aliás, todos nós, profissionais da área, nos tornamos).

Essa polivalência levou-me a aprofundar conhecimentos e criar pontes entre a minha área de formação base, a comunicação, e todas as tarefas que começava a assumir.

Assim, apostei no mestrado em Ciências da Cultura e, cerca de dois anos depois, no Mestrado em Museologia na FLUP. A dificuldade sentida por tantos de nós em aliar trabalho, estudo e família, levou-me a concluir apenas o ano curricular do Mestrado em Museologia e a adiar a elaboração da tese.

Entre a comunicação do Museu de Lamego, montagem de exposições, serviço educativo, conservação preventiva, entre outras, em 2012 chega o projecto Vale do Varosa, que passa a ser gerido pelo Museu de Lamego, na sequência da transição deste para a Direcção Regional de Cultura do Norte.

O meu raio de acção deixa de ser apenas o museu e passa também a ser o projecto Vale do Varosa, futura rede de monumentos aberta ao público em pleno em 2016.

Para lá da realidade museu, que eu tão bem conhecia, começava um novo desafio que tinha cinco designações: Mosteiro de São João de Tarouca, Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, Convento de Santo António de Ferreirim, Ponte Fortificada de Ucanha e Capela de São Pedro de Balsemão.

Neste período cresci imenso enquanto profissional e muita da bagagem que carrego comigo hoje, trago-a de um conjunto de experiências que me fazem olhar para o património com outros olhos.

Qual elegeria como o projecto profissional mais relevante que levou a cabo, até ao momento?

Não elegeria um projecto, mas vários momentos. O património é feito de pessoas e para pessoas e temos a sorte imensa de ter um museu, um mosteiro, uma área arqueológica, como mediadores. Temos o privilégio de ter os melhores cenários. Temos a excelência das peças ou dos imóveis que são a nossa base de trabalho. Se transpusermos parte dessa excelência para os projectos que desenvolvemos, ganha o património, mas, acima de tudo, ganhamos todos nós. Se nos projectos em que estive envolvida consegui “tocar” o público, então fui relevante.

O projecto escolhido é também aquele que lhe deu mais gozo executar?

Tenho dificuldade em escolher projectos. Mas dentro da polivalência, a comunicação externa do Museu de Lamego e especialmente do projecto Vale do Varosa, talvez tenha sido o que mais gozo me deu, seguido das visitas orientadas.

Destaco a comunicação do projecto Vale do Varosa, porque estava ainda numa fase muito embrionária e era necessário fazer praticamente tudo. Prémio Internacional AR&PA 2016 e Emblema do Norte de Portugal desde 2017, entre outras distinções, quero acreditar que, a par da excelência na gestão dos espaços, o meu trabalho teve também um papel importante na projecção da marca Vale do Varosa, porque defendo o que não é comunicado não é conhecido e o que não é conhecido não é visitado.

E qual "aquele projecto" que ficou por fazer ou completar?

Quem sabe, um dia, regressar à rádio, que foi e será sempre uma das minhas paixões. E finalmente, agora sem medo, aliar o jornalismo à cultura... mas na vertente da investigação.

Qual a experiência humana que mais a marcou ao longo da sua vida profissional (colega, chefe, grupo de trabalho…)?

Penso que numa equipa todos nos marcam e de alguma forma carregamos connosco as experiências dessa convivência a que, queiramos ou não, estamos obrigados profissionalmente. Neste contexto, sinto-me privilegiada por poder dizer que tenho colegas de trabalho que hoje são meus amigos.

Em retrospectiva, e numa escala de 0 a 10, como classificaria o seu percurso profissional?

Numa perspectiva do que ainda poderei vir a fazer e de projectos que gostaria de vir a desenvolver, talvez um 7.

Se tivesse possibilidade de voltar atrás no seu percurso profissional, faria algo de forma diferente?

Diferente, não. Em algumas situações, talvez melhor. Mas dizê-lo agora é fácil. A Patrícia que sou hoje, não é a mesma de há 10 anos, 5 anos, 1 ano. Todos os dias temos a capacidade de aprender e a bagagem que transporto hoje tem um mundo de novas experiências. Estas, provavelmente, ter-me-iam sido úteis no passado, mas tinha de fazer o meu percurso para as adquirir e ser a pessoa que hoje sou, com defeitos e qualidades.

Que conselho daria a quem está hoje ou pretende iniciar a sua carreira na área do Património?

Muito “amor à camisola”. Isto implica paixão por aquilo que se faz.

Aceitar os desafios, mesmo aqueles que parecem nada ter a ver connosco. Muitas vezes são agradáveis surpresas...

O que deseja para o sector do património em Portugal?

Desejo que continue o caminho de abertura à(s) comunidade(s) e ao mesmo tempo ao mercado, sem nunca perder os princípios pelos quais se rege. Planos concertados de divulgação porque, como já referi, o que não é divulgado não é conhecido e o que não é conhecido não é visitado. Por fim, mais formação e uma aposta no rejuvenescimento gradual das equipas.

As sugestões de Patrícia Brás:

Um filme: A Janela Indiscreta

Um livro: Memorial do Convento

Um museu: Museu de Lamego

Um monumento: Mosteiro de São João de Tarouca

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