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Apresentado primeiro grande Estudo em Portugal sobre potencial económico e social do Património Cult


Decorreu no passado dia 18 de Abril, no auditório do Millennium bcp, em Lisboa, a apresentação do Estudo “Património Cultural em Portugal – Avaliação do Valor Económico e Social”, a primeira grande investigação dedicada ao potencial económico e social do património construído.

Resultante de uma parceria inédita entre uma empresa privada (a Spira) uma universidade (a NOVA SBE) e um mecenas (a Fundação Millennium bcp), este estudo pretende criar um retrato abrangente, aprofundado e credível do essencial do património construído e do seu potencial em termos de geração de receitas e criação de emprego.

Trata-se de um trabalho de grande fôlego, dedicado especificamente ao património cultural, combinando abordagem qualitativa e quantitativa, a nível efectivamente nacional, com atenção às especificidades das regiões do interior e das ilhas, permitindo, pela primeira vez, quantificar o potencial económico e social deste recurso endógeno e o seu possível contributo para o desenvolvimento harmonioso do país.

A apresentar o estudo estiveram Catarina Valença Gonçalves, directora-geral da Spira, José Tavares, professor catedrático da Nova SBE e José Maria Lobo de Carvalho da Conservation Practice e Observatório do Património, coordenadores do projecto e responsáveis pela sua execução, conjuntamente com uma equipa que conta ainda com Henrique Pita Barros, Margarida Duarte, Gaspar Cresci e João Pereira dos Santos.

Durante a apresentação foram abordados vários pontos acerca do trabalho a realizar, que para além de uma caracterização das políticas públicas e do sistema da gestão patrimonial nos últimos 44 anos, pretende descrever detalhadamente a distribuição geográfica do parque patrimonial português, colocando-o em correspondência com características sociais, económicas e demográficas do país, ao nível do município. O estudo tem assim um objectivo estratégico claramente assumido: avaliar o potencial de distribuição do tráfego turístico (nomeadamente, para o interior do país, potencial esse que não foi ainda nem avaliado, nem devidamente explorado), contribuindo, desta forma, para que o património cultural seja reconhecido como activo estratégico do desenvolvimento sustentado do país, com implicações profundas ao nível de políticas educacionais / formativas, fomento à criação de empresas, política de fundos comunitários, estratégias de trabalho em rede do ponto de vista territorial, entre outras dimensões relevantes.

Para Catarina Valença, directora-geral da Spira: “O património cultural é o recurso mais equitativamente distribuído pelo país; não obriga a investimento infra-estrutural uma vez que já lá está; é uma das principais razões da atractividade de Portugal: contudo, apesar deste cenário de oportunidades, continua a não ser percepcionado como um activo estratégico incontornável para o desenvolvimento económico-social harmonioso do país.”

Portugal detém cerca de 30 000 bens patrimoniais imóveis ou integrados inventariados, dos quais cerca de 4000 estão classificados e 15 detêm o selo de Património da Humanidade, lista à qual acresce o património imaterial igualmente classificado pela UNESCO (Arte Chocalheira e Olaria Preta de Bisalhães, Cante Alentejano, Fado e Bonecos de Estremoz e ainda, em conjunto com outros países, a Dieta Mediterrânica e a Falcoaria).

Se atendermos somente ao património imóvel classificado e à sua distribuição no país proporcionalmente ao número de habitantes, vemos que se concentra nas regiões do interior. Contudo, a grande maioria dos visitantes a monumentos e pontos patrimoniais fá-lo em territórios do litoral, nomeadamente, Lisboa, Sintra e Porto.

Tendo em conta as características deste património – diversificado ao longo do território; as acessibilidades facilitadoras do nosso país – quer do ponto de vista de distâncias, quer do ponto de vista de vias de circulação; a qualidade de bem receber, cultura gastronómica, a paisagem natural do território, percebemos que existe um “gap” entre o potencial de exploração deste recurso endógeno e o interesse que o mesmo comprovadamente gera, nomeadamente, junto de turistas “O património cultural construído em Portugal, sendo naturalmente um valor cultural em si mesmo, tem também um valor económico que em muitos casos está longe de estar cabalmente realizado. Este estudo visa identificar esse valor numa perspectiva que promove, entre outros aspectos, a avaliação do seu contributo potencial para o desenvolvimento regional e com isso proporcionar um crescimento mais homogéneo do nosso País.” afirma Fernando Nogueira, Presidente da Fundação Millennium bcp.

José Tavares apresentou as metodologias a utilizar na recolha de dados para a análise económico-social do Estudo, centradas na realização de um inquérito com vista a identificar uma base de cerca de três centenas e meia de elementos do parque patrimonial que, pelo número de visitantes, empregos associados e receitas directas, permita quantificar um número de visitantes para cada concelho do país de forma mais correcta. Com base na informação recolhida para o equipamento âncora do concelho, através de técnicas estatísticas, infere-se, para o conjunto dos elementos patrimoniais de cada concelho, o número potencial de visitantes, empregos e receitas que poderiam ser geradas, por cotejo com os números actuais.

Do Estudo, resultarão uma série de outputs, entre os quais se salientam:

  1. descrição do sistema da gestão patrimonial de Portugal em tempo de Democracia;

  2. caracterização do “parque” do património cultural de Portugal;

  3. análise conceptual dos diferentes benefícios económicos;

  4. conjunto de casos de estudo ilustrativos das diferentes tipologias de exploração de recursos patrimoniais e representativos igualmente das diferentes regiões / territórios do país;

  5. apresentação da distribuição relativa do património no espaço, em função das próprias características dos bens patrimoniais e da caracterização socioeconómica e demográfica dos territórios envolventes.

  6. apresentação de recomendações estratégicas

José Tavares, professor catedrático da Nova SBE: "O património classificado não pode ser só fim, nem só ferramenta do desenvolvimento local, precisa de ser as duas coisas, de forma sustentável e integrada."

O estudo decorre desde Janeiro deste ano e prolonga-se até ao final do mesmo, estando prevista a apresentação final de resultados no mês de Dezembro.

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