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Leilões para todos


Muitas pessoas me têm perguntado como se processa um leilão, a quem se destina, o que podemos comprar e de que forma é que a crise, o “monstro” que nos vai perseguir nos próximos anos, tem afectado as leiloeiras e os seus clientes. Antes de mais parece-me importante referir que os leilões são actos públicos, desde que sejam respeitadas as regras de cada leiloeira, ninguém pode recusar a presença ou a possibilidade de qualquer pessoa licitar. É natural que pela popularidade ou procura, certos leilões sejam limitados por regras bastante apertadas. Um bom exemplo foi no ano passado o leilão das jóias de Elizabeth Taylor, onde a procura e a natural curiosidade levou a Christie’s a limitar e condicionar o número de presenças.

Na maioria dos casos o “candidato” comprador tem apenas que ser devidamente identificado para poder requerer uma “raquete”, o famoso número com o qual pode licitar tornando a compra um acto anónimo. Ao contrário dos outros métodos de compra o valor final não está pré-estabelecido, num leilão discute-se pagando mais, ou seja, partimos de uma estimativa mínima, indicada no catálogo e a partir daí é oferecendo mais que se procura ser a última oferta e desta forma, levar para casa o lote pretendido.

Não podendo estar presente no dia do leilão, as leiloeiras aceitam ofertas, recebem por escrito autorização para licitar determinado lote até um valor máximo decidido pelo cliente. Naturalmente as leiloeiras limitam-se a gerir esse valor, tentando comprar pelo valor mais baixo possível. Para os que não podem estar presentes mas querem sentir o “calor” da sala, existe ainda a possibilidade de licitar via telefone. Manifestado o interesse, a leiloeira liga para o cliente no momento em que o lote vai à praça e é através do telefone que licita, como se estivesse presente na sala mas longe dos olhares dos outros compradores.

Os catálogos são a forma mais clássica de consultar o que vai a leilão. Cada peça é fotografada e catalogada, estando no catálogo indicadas as dimensões, os materiais, a época e o respectivo estado de conservação. A estimativa é também uma informação importante, o valor mínimo é o valor de arranque, ou seja o valor base pelo qual a obra vai à praça, o valor máximo é meramente indicativo e muitas vezes ultrapassado em leilão.

Hoje a maioria das leiloeiras tem também o catálogo on line, podendo desta forma ser consultado por qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. Para isso basta aceder ao site ou ai inscrever-se para receber as informações e datas dos leilões de forma antecipada.

Existe vários tipos de leilão, para além dos tradicionais de antiguidades, algumas leiloeiras fazem também leilões de livros, de arte moderna e contemporânea ou de vinhos, para não falar de alguns temáticos como os “Vista Alegre”, “Armas antigas” ou ainda de um só coleccionador, de que é exemplo a colecção do conde da Póvoa ou as faianças de António Capucho.

E porque os leilões são cada vez mais para todas as bolsas, existe em algumas leiloeiras uma categoria de leilões “low cost”, onde apesar da indicação de estimativas, tudo é vendido pela melhor oferta, literalmente por qualquer que seja o preço oferecido em praça. São curiosidades que vão do carrinho de brincar, ao rádio dos anos 30, à mesa rústica ou ao velho tapete do oriente, entre muitas outras. Tudo se vende, nada é retirado, nem que seja por um euro. Apesar de ser “low cost” o cliente tem acesso a uma listagem das peças, a um catálogo on line, podendo ai mesmo fazer as suas ofertas, licitar via telefone ou presencialmente.

Depois dos loucos anos 90 onde várias obras atingiram valores exorbitantes e em que quase todos os leilões tinham um novo recorde, chegou a crise económica e financeira. O poder económico baixou e com ele o poder de compra, a cotação das obras de arte sofreu na sua maioria alterações, umas para valores mais baixos e outras para valores mais altos.

Adquirir obras de arte tem para além do prazer e gozo natural da sua posse, um importante papel paralelo que é o do investimento financeiro. A aposta é que com o tempo a obra irá aumentar o seu valor de mercado e muitos foram os que ao longo dos últimos anos fizeram bons negócios, apoiados no optimismo financeiro em que vivia o país e o mundo. Numa altura de dificuldades financeiras e com mercados de valores cada vez mais incertos, a arte pode ser uma alternativa de investimento. As peças excepcionais, pela qualidade ou pela raridade, continuam com enorme procura e disputa no mercado, mantendo a cotação em valores bastante atractivos. Ainda este ano o Palácio Correio Velho vendeu um leque pelo valor de martelo de 210.000€, mais comissões, estando no topo de vendas internacionais para peças semelhantes. As peças “comuns”, as que surgem em maior quantidade num leilão, sofreram na sua generalidade com a falta de poder compra e estão hoje em valores mais modestos. A diminuição de interesse por algumas peças não se deve no entanto apenas à crise mas à mudança de gosto, um bom exemplo é o mobiliário. O volumoso e entalhado mobiliário das grandes casas senhoriais de outros tempos, não tem mais espaço nos apartamentos, cada vez mais pequenos, modernos e funcionais do séc. XXI. Mas existe o reverso da medalha, hoje estas peças são boas compras para quem quiser peças de qualidade, em valores mais acessíveis e competitivos.

Nem tudo ficou a perder, com a crise a cotação do ouro e prata disparou para valores nunca vistos. O mercado da ourivesaria e joalharia mudou e viu a cotação das suas peças disparar. Não existe praticamente retirados nesta área, depois dos comerciantes licitarem até ao seu valor material, surgem os particulares que sem se preocuparem em ganhar comissões e acrescentando-lhe o simples desejo de possuir uma peça, fazem subir os valores. Muitos são os resultados dignos de registo nos últimos anos, nomeadamente nos grandes diamantes mas não só. Recentemente uma jóia do séc. XX com uma pérola natural de considerável dimensão, atingiu os 75.000 €. Nada mal para um dos piores anos da crise.

O mundo desde 2008 está diferente e os leilões não são excepção, nasceram boas oportunidades para compradores e outras para vendedores. Nos leilões é cada vez mais fácilMuitos são os resultados dignos de registo nos últimos anos, nomeadamente nos grandes diamantes mas não só. Recentemente uma jóia do séc. XX com uma pérola natural de considerável dimensão, atingiu os 75.000 €. Nada mal para um dos piores anos da crise. de comprar ou vender, há oportunidades para todos os orçamentos, para todos os gosto e para todas as idades. É bom saber que este ainda é um mercado dinâmico, estejam atentos, há sempre boas compras e boas vendas para quem quiser.

Emporium - Leilões "low-cost" do Palácio Correio Velho

Sala de leilão de antiguidades no Palácio Correio Velho

Afinete em prata, ouro e diamantes, cravejado com pérola natural, arrematado por 75.000 no Palácio Correio Velho.

Imagens cedidas pelo Palácio Correio Velho

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