top of page

Património, turismo e cultura como instrumentos de Desenvolvimento Regional


Será o desenvolvimento económico regional possível através da conjugação do trinómio património, turismo e cultura? Sendo esta uma estreia como cronista deste ambicioso projeto, não poderia deixar de expressar a forte ligação a esta temática e, acima de tudo, partilhar uma reflexão sobre o que constitui a base do que acredito ser a construção de uma solução estruturada.

Recuemos até 1998, altura em que iniciámos um processo de inventariação do património românico do Vale do Sousa com o propósito de criar uma rota turística. Muitas foram a dúvidas quanto à forma de concretizar este pressuposto, mas, por outro lado, tínhamos uma certeza: a necessidade de encetar um processo em que o património fosse a essência capaz de consubstanciar uma matriz de coesão territorial e de desenvolvimento deste território.

Cientes que o desenvolvimento regional é o resultado de um esforço coletivo, o trabalho a desenvolver teria obrigatoriamente de assentar num conjunto de parcerias locais e nacionais, liderado pela Associação de Municípios do Vale do Sousa, enquanto entidade promotora, e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

Os constrangimentos financeiros entretanto verificados impediram o avanço do projeto naquela data, pelo que foi necessário aguardar até 2000 para encontrar um modelo de intervenção no território do Vale do Sousa.

Três anos mais tarde, estando já a decorrer algumas intervenções de conservação e salvaguarda nos monumentos selecionados para integrar a rota, é feito um estudo com o objetivo de dar resposta às questões que iam despontando: a nossa ação teria como foco apenas a reabilitação de um conjunto de monumentos, recuperando as suas condições de usabilidade e visita, ou avançaríamos para uma solução estruturada que culminaria na criação de um produto turístico? Cedo percebemos que não nos poderíamos circunscrever à primeira, mas novas questões se impunham: o produto turístico resumir-se-ia a um conjunto de monumentos visitáveis em rede, confinado aos monumentos sobreviventes, ou proporcionaríamos uma viagem pela história em contacto com as gentes da região, os seus usos e costumes, a sua identidade.

Dissipadas as dúvidas e com base no desenvolvimento sustentado que pretendíamos, definimos cinco objetivos: contribuir para o ordenamento do território, através da valorização do património; criar um novo setor produtivo gerador de riqueza; mudar a imagem interna e externa da região; qualificar os seus recursos humanos; e fomentar a empregabilidade qualificada.

Assim, a par da componente de conservação e restauro dos monumentos e das áreas envolventes, o projeto foi-se desenvolvendo noutros campos de intervenção: qualificaram-se centenas de profissionais nas áreas do turismo e do património, produziram-se materiais informativos, um sítio na internet (www.rotadoromanico.com) e instalaram-se centros de informação destinados aos turistas e visitantes.

Foi necessária uma década para maturar um projeto que seria publicamente apresentado em 2008. Encetámos desafios, colhemos experiências e, dois anos mais tarde, recebemos reconhecimentos nacionais e internacionais.

Em 2010 a Rota do Românico deu mais um passo na sua consolidação, alargando-se a mais seis municípios e (re)unindo num projeto supramunicipal um legado comum. Atualmente é composta 58 monumentos, distribuídos por 12 municípios do Vale do Sousa, Baixo Tâmega e Douro Sul. Apesar do alargamento, a missão mantém-se. A requalificação do património continua a ser uma das grandes prioridades, mas pretende-se também cimentar outras componentes: reforçar a vertente turística e cultural do produto, com a apresentação de um calendário anual de eventos e de programas de visitas dirigidos ao mercado nacional e internacional, apostar num programa de educação patrimonial através do nosso serviço educativo, promover o envolvimento da comunidade local e converter o recém-criado Centro de Estudos do Românico e do Território num polo de produção e disseminação de conhecimentos, fundamentais para a compreensão deste legado histórico e patrimonial.

Volvidos 14 anos, podemos afirmar que a Rota do Românico tem representado um grande desafio para esta região. Assumindo-se como um projeto de desenvolvimento regional, a Rota do Românico tem contribuído para afirmar o Tâmega e Sousa como o destino português do românico. Embora não tenha a pretensão de resolver todos os problemas estruturais do território, tem dado um forte contributo nesse sentido, visível na crescente procura turística e no papel ativo que tem vindo a desempenhar na dinâmica socioeconómica da região.

Igreja de São Mamede de Vila Verde, em Felgueiras, antes das obras de conservação e salvaguarda da Rota do Românico.

Igreja de São Mamede de Vila Verde, em Felgueiras,

depois das obras de conservação e salvaguarda da Rota do Românico.

Torre de Vilar, em Lousada, antes das obras de conservação e salvaguarda da Rota do Românico.

Torre de Vilar, em Lousada, depois das obras de conservação e salvaguarda da Rota do Românico.

Visita ao Mosteiro do Salvador de Travanca, em Amarante.

Igreja do Salvador de Aveleda, Lousada, durante a intervenção.Atividades desenvolvidas no âmbito do Serviço Educativo da Rota do Românico.

2 Comments


Kaiser OTC benefits provide members with discounts on over-the-counter medications, vitamins, and health essentials, promoting better health management and cost-effective wellness solutions.


Obituaries near me help you find recent death notices, providing information about funeral services, memorials, and tributes for loved ones in your area.


is traveluro legit? Many users have had mixed experiences with the platform, so it's important to read reviews and verify deals before booking.

Like

bottom of page